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Energia eólica no Brasil

Organizada pela revista Carta Capital e pela Cleantech Investor (GB) foi realizada em São Paulo, nos dias 2 e 3 de abril a BWEC2012 – Conferência Brasileira de Energia Eólica que contou com a participação do Instituto de Engenharia, de diversas Autoridades – Ministro Fernando Bezerra Coelho da Integração Nacional, Governador Cid Gomes do Ceará, Secretários de Estado e representantes da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, ex-Secretário Luiz Gonzaga Belluzzo – de especialistas do Brasil e do exterior, de entidades e empresas como a EPE, BNDES, Petrobrás, Abeólica, Abrace, Coppe-UFRJ, CERNE, Grant Thornton, WWA, Adece, Eólica Tecnologia, Sicm – Ba, Renova Energia, Consultorias Megajoule e Tempo Giusto, IFECT, Ctgas-ER, Gamesa, Vestas, Wobben.

Os vários conferencistas apresentaram um panorama da energia eólica no mundo cuja capacidade instalada atingiu cerca de 240 GW em 2011 com liderança da China 62 GW, seguida pelos EUA com 48 GW, Alemanha 30GW, e depois Espanha, Índia e França. O Brasil tinha aproximadamente 1280 MW instalados a partir de 2009 e projeção de acréscimo de mais 10 GW até 2020.
Pelo Instituto de Engenharia compareceram o Presidente do Conselho Consultivo João Ernesto Figueiredo, Clara C.Nassar – Diretora de Relações Nacionais e o Engenheiro Miracyr Assis Marcato, Diretor do Departamento de Engenharia de Energia e Telecomunicações, como um dos palestrantes da mesa 4 – “A construção de uma indústria manufatureira eólica no país”.
O tema recorrente durante o conclave da baixa competitividade atual da indústria brasileira foi abordado pelo mesmo com enfoque nas ações e políticas preconizadas nas três vertentes principais:
Política Econômica: 
• Preservação da paridade cambial, controle da inflação e redução dos juros da economia buscando o aumento do atual PIB per capita = US$ 12.696 cujo crescimento médio anual foi de apenas 2,37% entre 2001 e 2010 segundo dados da FGV e IBGE
• Redução dos custos sistêmicos com a diminuição da carga fiscal, entraves burocráticos e a oferta suficiente e tempestiva de energia, transportes e infra-estrutura com preços e qualidade adequados
Política Industrial e Manufatureira 
• Aumento da produtividade com maior incorporação de inovações tecnológicas, investimentos em pesquisa aplicada, na formação técnica dos engenheiros e no treinamento da mão de obra especializada.
• Otimização dos fatores de produção, uso de Engenharia de Produção atualizada e busca de ganhos em eficiência energética
• Prospecção de novos mercados para aumento da escala de produção e conforme os fabricantes presentes, a necessidade de um plano de investimento de longo prazo para garantir a continuidade da produção.
Política Energética 
• O Brasil possui uma das energias mais limpas e mais caras do mundo. Preço da eletricidade residencial em S.Paulo em 2012: R$ 423/MWh = US$ 243/MWh dividido em: Energia: 34%, Distribuição: 21%, Transmissão 21%, Encargos: 10%, Impostos: 30%.
• Premissas: Segurança de Abastecimento, Redução de Custos e preservação do Meio Ambiente.
• Manter e ampliar a presença na matriz energética das fontes primárias renováveis, ( 45% de sua energia primária provém de fontes renováveis contra 13,6% de média mundial e apenas 6% nos países desenvolvidos)
• Ênfase na biomassa, energia eólica e na utilização integral dos recursos hídricos, preservando a capacidade de armazenamento e a regulação plurianual dos reservatórios hidrelétricos
• Incentivo à eficiência energética (cogeração na indústria e melhoria nos rendimentos dos motores automotivos),eficiência logística com apoio ao transporte coletivo e a outros modais de transporte: ferrovias e hidrovias.
Vantagens Competitivas do Brasil 
Segundo o Boletim 01/2012 do ONS (Operador Nacional do Sistema elétrico): as usinas eólicas despachadas pelo mesmo (882,6 MW ) em 2011 operaram com um F.C.(fator de capacidade) de 0,33 ou seja, 293MWmédios/ano
• Este valor de FC foi verificado tanto no Nordeste (572,6 MW) como no Sul (190 MW) e alguns parques do NE chegaram a um FC de 50%.
• Na China (960 GW totais ) os 44.730 MW eólicos instalados geraram 50,1 TWh (1,28% do total consumido) e o FC médio em 2010 alcançou apenas 23%.
• Outros fatores positivos são:
• 1) a presença ainda importante dos reservatórios hidrelétricos como melhor forma de estocagem de energia na operação conjunta com as fontes eólicas e
• 2) o robusto sistema de transmissão brasileiro constituído pelas linhas do SIN – Sistema Interligado Nacional com mais de 100.000 km de extensão.
Premissas e Tendências Técnicas da Energia Eólica 
• Necessidade de projeto adequado de engenharia, medições de campo de longa duração, seleção correta dos equipamentos, tipos de torres, fundações, logística de transporte, montagem e equacionamento financeiro.
• Tendência de aumento da potência dos aerogeradores alcançando 10 MW, já em testes, especialmente para instalações offshore.
• As conexões de rede demandam atenção especial segundo a experiência internacional, pelo caráter intermitente da fonte eólica.
• Para maior integração da energia eólica e flexibilidade operacional do sistema elétrico os modernos aerogeradores devem permitir:
• controle e regulação de voltagem, fator de potência, frequência, variações do despacho de carga, fornecer potencia reativa capacitiva e indutiva e limitar as correntes de curto circuito do sistema, capacidade de suportar afundamentos temporários de tensão e frequência sem desligamentos (LVRT)
• Em relação aos custos decrescentes da energia eólica no Brasil (de R$ 300/MWh em 2009 para R$ 100/MWh atuais), a Petrobrás manifestou preocupação sobre o equilíbrio financeiro de algumas propostas e da necessidade de modificações dos leilões com introdução de exigência de medições acuradas de longo prazo do FC (10 anos), como a mesma vem fazendo e cujos dados ela põe à disposição dos eventuais investidores.
Via Instituto de Engenharia
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