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Como é determinada a VELOCIDADE de uma rodovia?

A velocidade de uma rodovia está diretamente ligada a sua classificação funcional e técnica. Toda pista deve oferecer conforto e segurança ao usuário, então a velocidade fica limitada às condições geométricas que serão adotadas com base na classificação da mesma.

Rodovia.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/rodovia-estrada-caminh%c3%b5es-ve%c3%adculos-3392100/
A velocidade está associada a Classificação da via, mas qual a diferença entre classificação FUNCIONAL e TÉCNICA?

A classificação funcional se refere a utilização da via dentro de uma malha rodoviária e a classificação técnica estabelece critérios básicos para garantir que a pista atenda a demanda a qual será submetida.

Na classificação FUNCIONAL as vias se dividem em sistemas:

  • Arterial;
  • Coletor;
  • Local.

Rodovias ARTERIAIS são aquelas que possibilitam viagens internacionais ou interestaduais. Ligam cidades grandes (com população expressiva) de modo que a logística seja favorecida em velocidades maiores.

Nas rodovias COLETORAS temos o trânsito intermunicipal, com velocidades moderadas, possibilitando o trânsito entre a área rural e os centros urbanos. Essas vias fazem a conexão entre todas as regiões do estado e as vias arteriais.

Já nas rodovias LOCAIS podemos observar o trânsito dentro dos municípios. As velocidades nessas vias são reduzidas devido aos fatores geométricos e condições físicas das mesmas.

Na Classificação TÉCNICA são estabelecidas as condições geométricas das vias com base, principalmente, no Volume Médio Diário (VMD), Classificação Funcional, Nível de Serviço, fator econômico.

A classificação técnica vai de Classe 0 a Classe IV-B, sendo 0 a via com padrão mais elevado.

  • Classe 0: via expressa, com alto padrão, pista dupla e controle total de acessos.
  • Classe I-A: pista dupla com controle parcial de acessos;
  • Classe I-B: pista simples, com padrão elevado. Volume entre 1.400 e 5.500 veículos por dia;
  • Classe II: pista simples. Volume entre 700 e 1.400 veículos por dia;
  • Classe III: pista simples. Volume entre 300 e 700 veículos por dia;
  • Classe IV-A: pista simples, podendo ser sem pavimento. Volume entre 50 e 200 veículos por dia;
  • Classe IV-B: pista simples, podendo ser sem pavimento. Volume abaixo 50 veículos por dia.

O que altera com a VELOCIDADE?

Velocímetro.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/veloc%c3%admetro-carro-rapidez-tra%c3%a7o-865113/

A velocidade da via varia de acordo com a classificação escolhida, conforme dito anteriormente. À partir daí os parâmetros são estabelecidos e a geometria é planejada de forma que o sistema rodoviário possibilite o trânsito em segurança.

De acordo com a velocidade adotada para a via os critérios de projeto devem atender a condições mínimas:

  • Curvaturas (verticais / horizontais);
  • Superelevações;
  • Superlarguras;
  • Distância de visibilidade.

A geometria deve ser projetada com uma interação entre as premissas destacadas acima, sendo que um fator pode reduzir ou aumentar outro. Exemplo: quanto maior o raio vertical de uma curva, maior a visibilidade. Quanto maior o raio horizontal, menor a superelevação necessária. Quanto menor o raio, maior a superlargura necessária e maior a superelevação a ser utilizada para que o veículo não saia da pista.

Então devemos nos atentar para a correlação dos dados no momento de projetar uma via.

Relação entre Classificação e Velocidade de uma via

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) indica o Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais – 1999 – do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) como referência para o desenvolvimento de projetos geométricos.

Velocidade
Manual DNER
Fonte: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-manuais/vigentes/706_manual_de_projeto_geometrico.pdf

Neste Manual, no quadro 5.1.1, página 42, temos um quadro que relaciona as velocidades diretrizes coma classe de projeto de uma via:

Relevo Plano | Ondulado | Montanhoso

  • Classe 0: 120 km/h | 100 km/h | 80 km/h;
  • Classe I: 100 km/h | 80 km/h | 60 km/h;
  • Classe II: 100 km/h | 70 km/h | 50 km/h;
  • Classe III: 80 km/h | 60 km/h | 40 km/h;
  • Classe IV: 80 – 60 km/h | 60 – 40 km/h | 40 – 30 km/h.

A topografia influencia na escolha da velocidade de uma via?

Velocidade
Estrada em terreno Montanhoso.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/estrada-da-montanha-estrada-zang%c3%a3o-3409680/

Essa questão é amplamente discutida e deve ser bem estudada em cada situação.

De acordo com os manuais devemos nos atentar para as condições topográficas para caracterizarmos nosso relevo. À partir do relevo temos algumas premissas a serem adotadas (velocidade, raios, rampas e outros).

Porém não necessariamente precisamos nos condicionar a estas limitações. Elas são diretrizes normativas que não podem ter suas mínimas extrapoladas, caso contrário irão causar riscos aos usuários e ao trânsito em si. Mas os valores podem ser trabalhados em classificação diferente a depender do investimento disponível e da intenção da criação da via.

Exemplo: em um terreno montanhoso posso trabalhar com características de região ondulada e até mesmo plana, a depender do capital disponível para o investimento e da intenção que tenho com o projeto. Se for necessário criar uma via com velocidade alta para garantir um escoamento rápido de pessoas e produtos, pode ser que a planificação e retificação da geometria se façam necessárias.

Disto que foi dito, é importante ressaltar que cada cada é um caso e devemos avaliar cada situação de forma isolada.

Posso ter velocidade diferente em uma mesma via?

A resposta é sim. Em um determinado trecho a sua velocidade pode ser de 100 km/h e em seguida a sinalização pode recomendar 60 km/h. Isso se dá pelas condições geométricas que a via assumirá em determinado trecho, então é sempre bom ficar atendo a sinalização.

Ramos, acessos e marginais possuem velocidades baixas por qual motivo?

Velocidade
Pista, Ramos e Vias Locais.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/arquitetura-edif%c3%adcios-carros-cidade-1837176/

Quando falamos de pista principal o deslocamento deve ser livre e com velocidade constante. Para acessar imóveis, realizar manobras em dispositivos, transitar em marginais e outros a velocidade deve ser reduzida para garantir que as manobras sejam feitas de forma calma e eficiente.

Para alteração da velocidade temos faixas de aceleração e desaceleração. Estas têm a função de garantir segurança aos usuários durante a alteração da velocidade do veículo. Assim sendo também existem condicionantes geométricas (comprimento mínimo) para que os condutores realizem as transições.

Essas faixas devem permitir que os veículos saiam da velocidade original e atinjam a velocidade desejada, levando em consideração a rampa (ascendente ou descendente) e todos os tipos de veículos que ali transitam, desde carro utilitário até veículos de carga.

Outros fatores que alteram com a velocidade!

A velocidade da via condiciona os seguintes itens:

  • Tamanho e diagramação de placas;
  • Tamanho das pinturas no pavimento;
  • Tempo de percepção dos condutores;
  • Riscos aos usuários e etc.

O número e gravidade de sinistros de uma via está diretamente ligado com a velocidade da mesma.

A depender da velocidade da pista, temos um certo tempo de percepção e compreensão da sinalização. Então quanto maior a velocidade, maiores serão as placas e pinturas a serem adotadas. Assim a visibilidade dos dispositivos aumenta e a longas distâncias os condutores podem ler e interpretar as informações com o tempo de reação necessário.

Respeitar a velocidade indicada na sinalização de uma via não elimina os riscos da mesma, mas amplia a possibilidade do condutor reagir e reduzir a gravidade do incidente.

Eng. Lucas Ribeiro

Este artigo foi produzido pelo Eng. Lucas Ribeiro. Colunista do Blog da Engenharia do tema Infraestrutura Rodoviária.

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