Empresas de tecnologia dos EUA podem vigiar brasileiros que apoiam a Palestina em protestos e migrações

As tecnologias de inteligência artificial (IA) oferecem um vasto potencial tanto para o progresso tecnológico quanto para transformar a maneira como lidamos com a segurança e a imigração. Nos Estados Unidos, o uso de soluções avançadas, como as fornecidas pelas empresas Palantir e Babel Street, levanta questões essenciais sobre ética e direitos humanos. Recentemente, a Amnistia Internacional destacou que essas tecnologias estão sendo utilizadas para monitorar manifestantes pró-Palestina e imigrantes, impactando a privacidade e potencialmente violando direitos civis.

O Papel da Palantir e Babel Street nas Operações Governamentais

A Palantir, com seu sistema Immigration OS, firmou um contrato de 30 milhões de dólares com o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) em abril de 2025. Este sistema foi projetado para rastrear autodeportações e priorizar casos de deportação. Já a Babel Street fornece uma ferramenta chamada Babel X, que utiliza buscas persistentes baseadas em IA para monitoramento constante de dados disponíveis publicamente e de fontes governamentais. A junção dessas tecnologias cria um cenário de vigilância massiva e contínua, especialmente em tempos de protestos intensos nos Estados Unidos, como os pró-Palestina ocorridos entre 2024 e 2025.

Impactos no Mercado e Desafios Tecnológicos

Com a crescente demanda por soluções de vigilância integrada, o mercado responde com significativos investimentos em tecnologias que prometem maior segurança. No entanto, a introdução de tecnologias de vigilância levanta debates éticos sobre privacidade e o impacto de big techs no policiamento de minorias. Empresas como Clearview AI, focada em reconhecimento facial, e Thomson Reuters, com softwares para análise de dados, estão na corrida para oferecer soluções também na esfera pública. Esta corrida tecnológica impulsiona ainda mais a indústria de ‘govtech’, estimando-se um crescimento anual de até 11% até 2030.

Regulamentações e Questões Éticas em Jogo

Nos Estados Unidos, a falta de regulamentações claras que governem o uso de tecnologias de vigilância é uma preocupação crescente. As proteções constitucionais contra buscas e apreensões arbitrárias, como o Fourth Amendment, contrastam com a realidade de coleta de dados em massa. A General Data Protection Regulation (GDPR) da União Europeia oferece uma visão de como poderiam ser estruturadas regulamentações mais robustas. Contudo, há uma crescente pressão por legislação que garanta transparência nos algoritmos e proteção de dados, especialmente para migrantes e manifestantes.

Avaliação Crítica e Adoção de IA para Segurança

Tecnologicamente, as soluções como a busca persistente automatizada e a análise massiva de dados oferecem um poder de processamento impressionante. No entanto, o potencial de viés racial ou político é um risco constante, já que sistemas automatizados podem não considerar a complexidade social e cultural em seu processamento de dados. A falta de transparência sobre os algoritmos utilizados e os critérios de risco são preocupantes. Auditorias independentes e uma revisão constante das práticas de segurança são essenciais para garantir que a adoção de IA seja não apenas eficaz, mas também ética.

Oportunidades para Avanços e Inovação

O setor de tecnologia de vigilância não apenas desafia compreensões tradicionais de privacidade, mas também oferece oportunidades para inovação em IA ética e segura. Frameworks regulatórios robustos são necessários para proteger direitos fundamentais, enquanto a pesquisa e desenvolvimento de auditorias algorítmicas criam novas camadas de responsabilidade. As práticas de coleta de dados devem ser limitadas ao estritamente necessário, e a supervisão judicial ou parlamentar contínua deve ser uma norma para prevenir abusos.

Reflexão do Time do Blog da Engenharia

1. É crucial que a engenharia pressione por soluções que respeitem tanto a segurança quanto os direitos humanos, com auditorias tecnológicas constantes.
2. A inovação não deve comprometer a ética; a criação de IA auditável é a próxima fronteira para garantir transparência e confiança.
3. A tecnologia em ambientes governamentais apresenta tanto riscos quanto oportunidades, exigindo um equilíbrio cuidadoso entre vigilância legítima e proteção de liberdades civis.

Via: https://amnistia.org.mx/contenido/index.php/strongestados-unidos-la-tecnologia-palantir-y-babel-street-amenaza-con-vigilancia-a-manifestantes-y-migrantes-en-favor-de-palestina-strong/