A adoção acelerada da inteligência artificial (IA) em nuvens computacionais transformou radicalmente o cenário de produtividade e inovação nas empresas. Contudo, com essa transformação, surgiram novos desafios de segurança que podem comprometer a integridade dos sistemas e das informações sensíveis. À medida que empresas incorporam IA em suas operações diárias, cresce a necessidade de uma abordagem de segurança robusta para mitigar riscos emergentes e lidar com a complexidade crescente dos ambientes tecnológicos.
Vulnerabilidades nas cargas de trabalho de IA
Atualmente, cerca de 70% das cargas de trabalho de IA na nuvem sofrem com vulnerabilidades não corrigidas. Entre estas, 30% são falhas críticas, como a CVE-2023-38545, que explora falhas no cURL podendo resultar em execução remota de código. Essas falhas oferecem aos atacantes a possibilidade de tomar controle total dos sistemas comprometidos. Exacerbando o problema, serviços como o Google Vertex AI Notebooks apresentam configurações permissivas nos privilégios de conta, onde 77% das organizações mantêm privilégios excessivamente permissivos, aumentando a exposição a invasões e escaladas de privilégio.
Erros de configuração e complexidade arquitetônica
Em um cenário onde a inovação é acelerada, o descuido com a segurança em troca de prazos reduzidos de implementação pode ser fatal. Esse fenômeno é ilustrado pelo chamado “efeito Jenga®”, onde pequenos erros em diferentes camadas tecnológicas podem se acumular, fragilizando a infraestrutura como um todo. Com a interoperabilidade entre múltiplos fornecedores de serviços de nuvem, qualquer vulnerabilidade dentro de uma camada pode propagar-se, fragilizando todo o sistema. Ainda mais preocupante, 78% das empresas estão acelerando seus projetos de IA, muitas vezes à custa de negligenciar padrões de segurança primordiais.
Ameaças emergentes impulsionadas por IA
À medida que a IA se torna mais prevalente, as ciberameaças também evoluem. Os criminosos cibernéticos utilizam IA para sofisticar ainda mais suas táticas, desenvolvendo malwares adaptativos e campanhas de phishing que se tornam extremamente difíceis de detectar. Uma das ameaças emergentes mais preocupantes é a manipulação de datasets que alimentam modelos de IA, como os modelos de linguagem de grande escala (LLMs), induzindo sistemas a tomarem decisões equivocadas. Projeções indicam que até 2027, 17% dos ataques cibernéticos serão alimentados por IA generativa, desafiando os métodos tradicionais de defesa e salientando a necessidade de uma abordagem defensiva também guiada por IA.
Impactos organizacionais e regulatórios
O papel dos CISOs (Chief Information Security Officers) está se tornando cada vez mais estratégico no panorama atual. A gestão de identidades digitais complexas em ambientes multinuvem e a proteção de dados sensíveis são essenciais para garantir conformidade regulatória e proteção de dados. As regulamentações emergentes não só impõem pressão adicional, mas também oferecem diretrizes que, quando adequadamente seguidas, podem ajudar a mitigar riscos associados ao uso inadequado da IA, como o viés algorítmico e a responsabilidade legal associada a violações de privacidade.
Soluções e recomendações
Para abordar esses desafios, são necessárias soluções que empreguem IA para monitoramento e resposta a ameaças. Ferramentas como o Tenable AI Aware oferecem capacidades de monitoramento contínuo e resposta automatizada, elevando os padrões de segurança em ambientes de nuvem. É igualmente vital fomentar uma cultura interna de segurança, com treinamentos contínuos em segurança cibernética e revisões regulares das configurações padrão dos serviços de nuvem. Recomenda-se ainda a implementação de uma abordagem de defesa em profundidade, segmentação de rede e validação constante de permissões, juntamente com ferramentas de detecção e resposta baseadas em IA.
Reflexão do Time do Blog da Engenharia
- O avanço das tecnologias da informação na engenharia exige adaptação contínua de estratégias de segurança.
- A integração de IA defensiva é crucial frente ao crescimento de ataques cibernéticos sofisticados.
- Empresas devem equilibrar inovação com práticas de segurança rigorosas, protegendo tanto operações quanto dados sensíveis.