A segmentação das cidades chinesas em “tiers” está transformando o modo como as empresas de tecnologia operam, fornecendo um novo ponto de vista sobre como atender diferentes comunidades urbanas e rurais. Com base em categorias que vão além da mera renda, essas divisões consideram o potencial de desenvolvimento, infraestrutura, conectividade e perfil de consumo de cada cidade, permitindo uma abordagem de mercado mais precisa. Esse modelo pode oferecer valiosas lições para o mercado brasileiro, onde estratégias de segmentação regional ainda têm espaço para evoluir. Vamos explorar o que está acontecendo na China e como isso pode ser adaptado para o Brasil.
O Modelo de Tierização na China
Na China, o conceito de segmentação por tiers emergiu como resposta à rápida urbanização e às políticas de crescimento regional. Grandes metrópoles, classificadas como cidades Tier 1 e 2, atraem sistemas de monetização sofisticados e estratégias de engajamento, enquanto as cidades de Tier 3, 4 e 5 são exploradas por suas características únicas — menos assistência dos serviços tradicionais, mas um potencial significativo de crescimento. Aplicativos como Douyin e Kuaishou ajustam suas estratégias conforme a tier, com Kuaishou obtendo 62% de seus pagamentos de regiões menos urbanizadas.
O Impacto Económico e Social
A adoção da segmentação por tiers possibilitou uma maior inclusão digital e o crescimento econômico em áreas anteriormente negligenciadas. Isso não só expande o mercado para as empresas, mas também proporciona aos consumidores de cidades menores acesso a serviços e oportunidades que antes estavam fora de alcance. Com isso, criam-se novas fontes de receita e se promove um nível maior de igualdade digital.
Estratégias de Monetização com Tecnologia Avançada
As empresas chinesas estão na vanguarda da inovação tecnológica ao direcionar suas estratégias monetárias através de algoritmos avançados que ajustam recomendações e ofertas de acordo com os perfis sócio-regionais. Utilizam plataformas de vídeo como Douyin e Kuaishou para expandir sua presença, personalizando experiências e comunicando-se diretamente com as diversas necessidades de cada tier urbano.
As Possibilidades do Modelo de Segmentação para o Brasil
No Brasil, a adaptação dessa estratégia enfrenta desafios como a menor infraestrutura digital nas cidades menores e uma disparidade econômica significativa comparada à China. No entanto, existem oportunidades imensas para aproveitar o mercado até então inexplorado em cidades não-metropolitanas. Adotar um modelo de segmentação similar pode ajudar a revelar novas áreas de crescimento, especialmente para fintechs e edtechs que procuram expandir suas bases de usuários.
O Caminho a Seguir e Desafios
Para implementar uma abordagem de tierização eficaz no Brasil, é necessário mapear cidades com critérios que espelhem os “tiers” chineses. A análise de dados regionais pode ajudar a criar serviços e produtos mais adequados. Contudo, a baixa penetração de infraestrutura digital e a necessidade de respeitar a legislação local, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), devem ser consideradas com atenção. Ao mesmo tempo, há a promessa de lançar pilotos para testar a viabilidade econômica fora dos grandes centros urbanos.
Reflexão do Time do Blog da Engenharia
- A segmentação por tiers revela potenciais ignorados no mercado e promove inovação em áreas menos exploradas.
- A implementação desse modelo no Brasil requer adaptação cuidadosa às realidades locais e pode necessitar de investimento em infraestrutura tecnológica.
- Os aprendizados da China são um ponto de partida, mas a estratégia deve ser customizada para o panorama diverso e desigual do Brasil.
Via: https://www.startse.com/artigos/o-que-o-brasil-pode-aprender-com-a-segmentacao-de-cidades-da-china/