Não podemos reclamar do nosso curso, que é muito rico em informações, aprendizados e muitas descobertas. Porém com o tempo é fácil perceber que somos influenciados a seguir um certo caminho (que nem sempre é o melhor para todos) durante o curso todo.
Se eu tivesse a experiência que tenho hoje, quando entrei na faculdade, certamente teria tido diversas discussões com alguns professores, além de ter adotado uma postura completamente diferente ao longo de todo o curso. Eu não tive a oportunidade de mudar muitas coisas, mas você pode! Confira abaixo algumas coisas que todo estudante de engenharia precisa saber.
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1. Disciplinas muito úteis porém sem estímulo para os alunos
Nos primeiros 2 anos de curso praticamente todas as vertentes da engenharia passam pelo ciclo básico, porém realmente iremos utilizá-las?
- Cálculo I, II, III, IV
- Geometria Analítica
- Álgebra Linear
- Física I, II, III
- Dentre outras
Será que é mesmo necessário aprendermos essas matérias, iremos utilizá-las em campo?
Essa é uma pergunta que eu fiz à mim mesmo quase todos os dias, até o quinto ano, e tenho certeza que a maioria dos estudantes se fazem a mesma pergunta. Hoje eu te respondo que sim, essas disciplinas não buscam apenas nos ensinar a calcular integrais, derivadas, matrizes, entre outras coisas – elas tem como maior objetivo treinar o nosso cérebro a aumentar a nossa capacidade de raciocínio lógico, rápido e prático.
É claro que além de todo esse intenso treinamento ao nosso cérebro, essas disciplinas nos fornecem grande embasamento para que possamos aplicar em algumas disciplinas ao longo do curso. Você com certeza irá utilizar essas disciplinas caso venha atuar em uma área que exija muitos cálculos, quem sabe? Mas caso você venha a seguir uma carreira de atuação em campo, provavelmente irá desfrutar apenas de uma capacidade melhor de raciocinar.
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2. Disciplinas praticamente inúteis
Poderia citar no mínimo 10 disciplinas que eu cursei e que foram completamente inúteis e não contribuíram absolutamente nada em minha formação. Mas espera aí, será que o problema foram as disciplinas ou os professores? Isso é algo que provavelmente só vou ter certeza se eu cursar engenharia novamente. Apesar de algumas disciplinas terem nome de peso, serem bem categorizadas e contarem com uma ementa bacana, podem ser inúteis na prática.
Não vou relatar aqui sobre todas as disciplinas que eu cursei e julgo inúteis, porém vou relatar sobre duas (que não contribuíram nada em minha formação)
+ Introdução à Engenharia: Se fosse para eu categorizar a minha experiência com essa disciplina, seria da seguinte maneira: “Foi só mais uma”. Não fiz esforço algum para as provas, apresentei um seminário de 10 minutos e fui aprovado com um notão. Posso estar errado, ou como já citei antes, ter cursado com o professor errado. Conversei com diversos estudantes e profissionais sobre essa disciplina, e todos os feedbacks que tive foram semelhantes à minha experiência. Não concordo com a exclusão da disciplina da grade curricular da engenharia, porém apoio uma reestruturação da ementa por parte das universidades, de forma à realmente introduzir o aluno ao curso de engenharia.
+ Informática para Engenharia: Fiquei meio perdido nos primeiros dias de aula, não sabia se estava cursando Engenharia da Computação ou Engenharia Civil. Essa disciplina me ensinou o mínimo do mínimo sobre os conceitos da linguagem de programação C++, e posso dizer que não agregou na-da na minha formação acadêmica. Tudo o que aprendi em 1 semestre, poderia ter aprendido com meia hora assistindo uma vídeo aula no YouTube.
Na época eu até cheguei a questionar o professor sobre o motivo de aquela disciplina fazer parte da grade curricular, e o que obtive de resposta foi: “Olha, você pode precisar desenvolver um software para te auxiliar em algum projeto no futuro”. Ok, concordei com ele simplesmente por respeito e por não ter voz muito ativa na época (saudades dos meus 18 anos, rs) – porém o caso eu precise desenvolver um software para me auxiliar em alguma atividade, eu vou procurar no mercado um profissional especializado na área, que tenha capacidade de desenvolver algo de qualidade, e que não venha a dar problemas ou resultados divergentes fazendo com que eu possa colocar em risco um projeto em que estou trabalhando.
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3. Disciplinas incompletas
Sabe aquele famoso ditado: “É oito ou é oitenta”? pois é, as disciplinas do nosso curso são assim. Algumas são super completas, te ensinam coisas a mais do que o necessário, porém outras são hiper-mega incompletas. Existem aquelas disciplinas que realmente são importantes para a nossa formação, mas infelizmente algumas faculdades acabam pecando (e muito). Sabe quando acaba um semestre e você sente que faltou alguma coisa na disciplina? Senti isso ao concluir as disciplinas referentes à desenho técnico/cad, e resolvi procurar o pessoal da direção da faculdade na época, e ouvi isso: “Você pode procurar um curso bom fora daqui, se quiser eu posso até te indicar alguma escola técnica”, e aí novamente eu concordo por respeito, mas não dá para continuarmos “engolindo” dessa forma.
Você teve uma boa base de AutoCAD DENTRO da universidade? Pois bem, eu não tive e não conheço ninguém que teve. Apesar de discordar da idéia resolvi procurar um curso por conta própria, e acabei adquirindo muita experiência durante algumas madrugadas projetando! E sim, muitas vezes um curso online é bem melhor… Poderia ficar 12 horas aqui escrevendo sobre disciplinas incompletas tanto em Universidades Públicas quanto em Universidades Particulares, mas creio que eu já consegui transmitir a mensagem pra você!
Esses dias li uma frase que me chamou a atenção, e que não é nada mais que a pura verdade:
“Será que os cursos do SENAI são melhores do que os laboratórios da minha faculdade?”
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4. Não aprendemos a ser empregadores, empreendedores, mas sim a sermos empregados
Alguma vez algum professor seu já falou algo do tipo:
- Quando você for um empresário…
- Quando você tiver a sua empresa…
- Você poderá implantar certa coisa com seus funcionários…
Já? Não? Eu nunca ouvi algo do tipo. Porém, é muito comum ouvirmos:
- Quando você conseguir um emprego em uma multinacional..
- Quando você for empregado de uma grande empresa…
- Quando seu chefe lhe pedir certo prazo…
Claro, não iremos sair da Universidade, construir uma empresa de grande porte e ficar rico – quem acha isso está se iludindo. Precisamos adquirir experiência profissional e “ralar” muito para atingirmos o sucesso, porém, pare pra pensar, CADÊ a motivação? Nossa formação é muito limitada, se pensarmos por este lado, parece que a nossa cultura não permite que ensinemos a empreender, investir, arriscar, somos formados para sermos empregados.
É claro, você pode se dar muito bem em uma empresa grande, e nem todos conseguem atingir o sucesso máximo abrindo uma empresa, pois caso isso acontecesse a concorrência seria enorme. Já imaginou se todos os(as) engenheiros(as) que se formaram junto com você montassem uma grande empresa, indústria, construtora…?
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5. Não espere se formar para…
Finalizando, deixo aqui algumas dicas para você que ainda está graduando!
Não espere se formar para:
- Estudar para concursos;
- Estudar outros idiomas (Inglês e Espanhol são pré-requisitos, estou falando sobre Alemão, Mandarim, Francês…);
- Fazer cursos no SENAI ou em outra escola técnica;
- Aprender a manusear softwares gráficos;
- Aprender a abrir uma empresa, empreender, investir, arriscar;
- Aprender a a fazer projetos;
- Aprender a trabalhar em equipe, priorizando o respeito sempre;
- Entender como funciona o mercado financeiro;
- Descobrir que seu curso é bom apesar de incompleto;
- Descobrir que você é melhor do que você se auto-julga;
- Descobrir que o sucesso não vai bater na sua porta, e você não vai obtê-lo nas baladas de quinta a domingo;
- Seja DIFERENTE!
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