Organizada pela revista Carta Capital e pela Cleantech Investor (GB) foi realizada em São Paulo, nos dias 2 e 3 de abril a BWEC2012 – Conferência Brasileira de Energia Eólica que contou com a participação do Instituto de Engenharia, de diversas Autoridades – Ministro Fernando Bezerra Coelho da Integração Nacional, Governador Cid Gomes do Ceará, Secretários de Estado e representantes da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, ex-Secretário Luiz Gonzaga Belluzzo – de especialistas do Brasil e do exterior, de entidades e empresas como a EPE, BNDES, Petrobrás, Abeólica, Abrace, Coppe-UFRJ, CERNE, Grant Thornton, WWA, Adece, Eólica Tecnologia, Sicm – Ba, Renova Energia, Consultorias Megajoule e Tempo Giusto, IFECT, Ctgas-ER, Gamesa, Vestas, Wobben.
Pelo Instituto de Engenharia compareceram o Presidente do Conselho Consultivo João Ernesto Figueiredo, Clara C.Nassar – Diretora de Relações Nacionais e o Engenheiro Miracyr Assis Marcato, Diretor do Departamento de Engenharia de Energia e Telecomunicações, como um dos palestrantes da mesa 4 – “A construção de uma indústria manufatureira eólica no país”.
O tema recorrente durante o conclave da baixa competitividade atual da indústria brasileira foi abordado pelo mesmo com enfoque nas ações e políticas preconizadas nas três vertentes principais:
Política Econômica:
• Preservação da paridade cambial, controle da inflação e redução dos juros da economia buscando o aumento do atual PIB per capita = US$ 12.696 cujo crescimento médio anual foi de apenas 2,37% entre 2001 e 2010 segundo dados da FGV e IBGE
• Redução dos custos sistêmicos com a diminuição da carga fiscal, entraves burocráticos e a oferta suficiente e tempestiva de energia, transportes e infra-estrutura com preços e qualidade adequados
Política Industrial e Manufatureira
• Aumento da produtividade com maior incorporação de inovações tecnológicas, investimentos em pesquisa aplicada, na formação técnica dos engenheiros e no treinamento da mão de obra especializada.
• Otimização dos fatores de produção, uso de Engenharia de Produção atualizada e busca de ganhos em eficiência energética
• Prospecção de novos mercados para aumento da escala de produção e conforme os fabricantes presentes, a necessidade de um plano de investimento de longo prazo para garantir a continuidade da produção.
Política Energética
• O Brasil possui uma das energias mais limpas e mais caras do mundo. Preço da eletricidade residencial em S.Paulo em 2012: R$ 423/MWh = US$ 243/MWh dividido em: Energia: 34%, Distribuição: 21%, Transmissão 21%, Encargos: 10%, Impostos: 30%.
• Premissas: Segurança de Abastecimento, Redução de Custos e preservação do Meio Ambiente.
• Manter e ampliar a presença na matriz energética das fontes primárias renováveis, ( 45% de sua energia primária provém de fontes renováveis contra 13,6% de média mundial e apenas 6% nos países desenvolvidos)
• Ênfase na biomassa, energia eólica e na utilização integral dos recursos hídricos, preservando a capacidade de armazenamento e a regulação plurianual dos reservatórios hidrelétricos
• Incentivo à eficiência energética (cogeração na indústria e melhoria nos rendimentos dos motores automotivos),eficiência logística com apoio ao transporte coletivo e a outros modais de transporte: ferrovias e hidrovias.
Vantagens Competitivas do Brasil
Segundo o Boletim 01/2012 do ONS (Operador Nacional do Sistema elétrico): as usinas eólicas despachadas pelo mesmo (882,6 MW ) em 2011 operaram com um F.C.(fator de capacidade) de 0,33 ou seja, 293MWmédios/ano
• Este valor de FC foi verificado tanto no Nordeste (572,6 MW) como no Sul (190 MW) e alguns parques do NE chegaram a um FC de 50%.
• Na China (960 GW totais ) os 44.730 MW eólicos instalados geraram 50,1 TWh (1,28% do total consumido) e o FC médio em 2010 alcançou apenas 23%.
• Outros fatores positivos são:
• 1) a presença ainda importante dos reservatórios hidrelétricos como melhor forma de estocagem de energia na operação conjunta com as fontes eólicas e
• 2) o robusto sistema de transmissão brasileiro constituído pelas linhas do SIN – Sistema Interligado Nacional com mais de 100.000 km de extensão.
Premissas e Tendências Técnicas da Energia Eólica
• Necessidade de projeto adequado de engenharia, medições de campo de longa duração, seleção correta dos equipamentos, tipos de torres, fundações, logística de transporte, montagem e equacionamento financeiro.
• Tendência de aumento da potência dos aerogeradores alcançando 10 MW, já em testes, especialmente para instalações offshore.
• As conexões de rede demandam atenção especial segundo a experiência internacional, pelo caráter intermitente da fonte eólica.
• Para maior integração da energia eólica e flexibilidade operacional do sistema elétrico os modernos aerogeradores devem permitir:
• controle e regulação de voltagem, fator de potência, frequência, variações do despacho de carga, fornecer potencia reativa capacitiva e indutiva e limitar as correntes de curto circuito do sistema, capacidade de suportar afundamentos temporários de tensão e frequência sem desligamentos (LVRT)
• Em relação aos custos decrescentes da energia eólica no Brasil (de R$ 300/MWh em 2009 para R$ 100/MWh atuais), a Petrobrás manifestou preocupação sobre o equilíbrio financeiro de algumas propostas e da necessidade de modificações dos leilões com introdução de exigência de medições acuradas de longo prazo do FC (10 anos), como a mesma vem fazendo e cujos dados ela põe à disposição dos eventuais investidores.
Via Instituto de Engenharia