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O apagão Europeu: o que realmente aconteceu?

O Maior Apagão da Europa em 20 Anos: O Que Realmente Aconteceu?

Há uma semana, a Europa enfrentava o maior apagão das últimas duas décadas. Em plena era da globalização e alta tecnologia, parece difícil imaginar países como Espanha e Portugal totalmente sem energia elétrica — mas foi exatamente isso que aconteceu.

O Que Sabemos Até Agora?

De acordo com o jornal The Guardian, o apagão não teve origem em fenômenos naturais, como inicialmente se suspeitou. A concessionária de energia responsável já descartou essa hipótese, uma vez que eventos naturais costumam ser facilmente identificáveis.

Outra possibilidade levantada foi um ataque cibernético, possivelmente causado por agentes internos mal-intencionados. No entanto, essa teoria também foi oficialmente descartada.

A Linha do Tempo

Tudo começou por volta das 12h30 do dia 28/04/2025. Ao analisarmos o gráfico de previsão de carga divulgado pela concessionária, nota-se que a energia disponível estava dentro do esperado para aquele dia. Ou seja, o problema não foi causado por um aumento súbito de demanda.

O alerta se acende quando observamos a origem da energia que sustentava o sistema: fontes renováveis.

Segundo dados da companhia elétrica da Espanha, fontes solares e eólicas respondiam por mais de 60% da energia fornecida naquele momento — um padrão que se repetiu ao longo de todo o mês de abril, durante o período diurno.

Os 5 Minutos de Mistério

Entre 12h30 e 12h35 ocorreu o que ainda intriga especialistas. Exatamente às 12h33, um evento incomum afetou o sistema elétrico ibérico, que abastece Espanha e Portugal.

Pouco antes da falha, houve uma queda no fornecimento de energia importada da França. Simultaneamente, um pico repentino na geração eólica — que estava baixa até então — criou um desequilíbrio inesperado entre oferta e demanda. Esse descompasso acionou sinais de sobrecarga, levando ao desligamento automático de usinas nucleares.

Como se não bastasse, a geração fotovoltaica sofreu uma queda brusca: de 18.000 MW para 8.000 MW, apesar das condições climáticas estáveis. A suspeita é de que houve algum tipo de comando de desligamento, já que o céu permanecia ensolarado.

Possíveis Causas

Foi detectada uma desconexão em sistemas fotovoltaicos no sudoeste da Espanha, o que poderia ter contribuído para o apagão. No entanto, em situações normais, o sistema elétrico deveria conseguir se reequilibrar automaticamente.

Um dos fatores limitantes foi a fonte hidráulica, que normalmente entra em ação como reserva em casos de falha nas fontes renováveis. Contudo, no momento do apagão, essa fonte já operava em seu limite.

Outro ponto relevante envolve a frequência elétrica. Na Espanha, a rede opera em 50 Hz. Fontes renováveis, como solar e eólica, têm mais dificuldade para manter a estabilidade da frequência em situações de oscilação. Normalmente, essa estabilidade é garantida por fontes não renováveis, como térmicas e nucleares — que, nesse caso, estavam parcialmente desligadas.

E Agora?

Após cerca de 10 horas, o sistema foi restabelecido. Mas as perguntas permanecem:
Será que a rede elétrica foi devidamente preparada para suportar tamanha penetração de fontes renováveis?
Estudos de estabilidade foram realmente considerados antes de atingir níveis tão altos de geração fotovoltaica e eólica?

Esse evento serve como alerta para todo o setor elétrico mundial: a transição energética é necessária, mas precisa vir acompanhada de segurança, planejamento e controle em tempo real.

Referências:

https://theconversation.com/spain-portugal-blackouts-what-actually-happened-and-what-can-iberia-and-europe-learn-from-it-255666

https://www.theguardian.com/business/2025/may/02/blackouts-energy-outage-risks-europe-worldwide-spain-portugal-france

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