Cerca de 30 anos depois de deixar como aluno a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), vai voltar à sala de aula. Engenheiro civil formado também em Economia na USP, ele foi convidado a participar da equipe que desenvolverá um curso inédito para a Poli, no qual administradores públicos transferem conhecimentos. Seu papel principal, explica, será ajudar a estruturar o programa. Mas também vai dar aula. “Fui convidado há uns três meses para fazer esse trabalho e aceitei. Tudo voluntariamente”, diz Kassab.
O curso será voltado ao planejamento urbano. “Em uma cidade como São Paulo, a prioridade é requalificaçãourbana, redistribuição do transporte”, afirma. No tema da requalificação, encaixam-se a Lei Cidade Limpa, uma das principais marcas de sua administração, e o polêmico Projeto Nova Luz, que, questionado na Justiça várias vezes, acabou ainda não saindo do papel. Já na redistribuição do transporte, ele destaca a questão do aumento da malha cicloviária da cidade.
Além de projetos da administração, quem assistir a uma aula dele poderá conhecer uma característica marcante do prefeito: o senso de humor. Quando estourou o escândalo de supersalários da Câmara Municipal, após saber que o garagista ganhava R$ 23 mil, ele soltou: “Acho que já arrumei meu emprego, hein? Quando deixar a Prefeitura…” Filho de professora, ele brinca novamente ao ser questionado se pretende mudar de área: “Quem sabe não largo a política e fico só dando aula?”
Na incursão pela vida acadêmica, o prefeito terá companhia de vários ex-colegas da Poli que hoje ocupam cargos no secretariado. Entre eles estão o secretário de Planejamento, Rubens Chammas, e o secretário de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, que é professor titular da faculdade.