Após uma série de veículos utilizados para fazer viagens além da nossa atmosfera, os Estados Unidos lançam, em 1981, o mais moderno transporte para orbitar a Terra: o famoso Ônibus Espacial, na tentativa bem sucedida de substituir a também notável nave Apollo. Com mais de 30 anos de serviços, foi aposentado em meados de 2011.
O Ônibus Espacial
Em primeiro lugar, a proposta do programa dos ônibus espaciais (Space Shuttle) da NASA foi fazer uma revolução nas viagens, misturando foguetes com aviões, já que este conseguia decolar como um foguete e pousar como um avião, além de ter a possibilidade de ser renovável.
Era formado por um conjunto de três equipamentos, sendo:
- um orbitador (reutilizável): em forma de avião utilizada para transporte de tripulantes e cargas. A decolagem era feita através de impulso vertical e planando no pouso. Foram construídos sete orbitadores: Enterprise, Columbia, Challenger, Discovery, Atlantis, Endeavour e Buran;
- um par de foguetes de combustível sólido (reutilizável): era usado para dar força extrema nos primeiros minutos de decolagem, sendo ejetados logo após. O par gerava, aproximadamente, 80% da potência necessária para o ônibus espacial sair do chão;
- um tanque de combustível líquido (não reutilizável): a maior parte do ônibus espacial, levava cerca de 800 toneladas de oxigênio e hidrogênio líquidos. Este tanque era ejetado com o ônibus já em órbita, fazendo a reentrada na atmosfera e desintegrando-se.
Foi projetado apenas para chegar até a órbita baixa do planeta, sendo assim, conseguia chegar a uma altitude máxima de 528 km acima do nível do mar. Ou seja, não poderia chegar até a lua, como alguns de seus antecessores. Entre os seus maiores feitos, está o transporte da parte americana da Estação Espacial Internacional.
Sendo lembrado como um dos veículos espaciais mais modernos do mundo – em seus anos de glória, era considerado a máquina mais potente já criada pelo ser humano – tinha um custo de construção de 1,7 bilhão de dólares, sendo o custo por viagem de aproximadamente US$ 450 milhões.
Das 135 missões planejadas, 133 foram concluídas com sucesso. Duas terminaram em tragédias: a STS-51-L com a Challenger e a STS-107 com o Columbia.
O acidente com a missão STS-51-L
Após uma série de atrasos na decolagem devido ao mau tempo, a missão STS-51-L finalmente foi lançada no dia 28 de janeiro de 1986, às 16h38, horário da Flórida. Tinha como objetivo a colocação do satélite Tracking Data Relay Satellite-2 (TDRS-2) em órbita e observação e experimento do cometa Halley.
Além disso, também se destacava o fato de a missão levar a primeira professora civil ao espaço. Christa McAuliffe foi escolhida entre mais de 11 mil candidatos para ministrar, do espaço, 15 minutos de aula para 2,5 milhões de alunos.
Uma falha em um anel de vedação no foguete de propulsão, que teve um vazamento de gás pressurizado, fez com que o foguete do lado direito da espaçonave se desprendesse, causando uma enorme explosão 73 segundos após a decolagem. De acordo com estudos da Presidential Commission on the Space Shuttle Challenger Accident, essa falha ocorreu por causa da expansão e contração da borracha devido à variação de temperatura na Flórida durante os últimos dias.
O acidente com a missão STS-107
Em 16 de janeiro de 2003, a missão STS-107 foi lançada a partir da plataforma 39A do Centro Espacial John F. Kennedy, na Flórida. O objetivo era realizar experimentos em microgravidade durante 16 dias.
A bordo do Columbia estavam o comandante Rick Husband, o piloto Willie McCool, os especialistas de missão David Brown, Kalpana Chawla e Laurel Clark e os especialistas de carga Michael Anderson e Ilan Ramon. Todos americanos, exceto Ramon, que era israelense.
Assim como na Challenger, na decolagem já houve um incidente: um pedaço de espuma se desprendeu do propulsor e se chocou com a asa do ônibus espacial, algo tido como normal, de acordo com a NASA, até porque este mesmo problema tinha acontecido várias outras vezes, todas sem maiores adversidades.
De fato, esse desprendimento não afetou a missão ao longo dos 16 dias seguintes… Até o momento da volta à Terra. A princípio, tudo ocorria bem durante o procedimento de descida. Quando estava a 120km de altitude, passando pelo Pacífico e entrando no solo californiano, a temperatura da asa começou a subir, chegando a 3 mil graus Celsius, o que era normal nos procedimentos de pouso, devido as forças aerodinâmicas.
Os primeiros pedaços começaram a se desprender da Columbia quando estava entrando no estado do Texas. A temperatura de 3 mil graus era habitual, mas a falha na asa ocorrida durante a decolagem, não. Após uma série de problemas e defeitos, o veículo foi pulverizado nos céus da cidade de Dallas, matando todos os sete tripulantes.
O Ônibus Espacial em números
Conhecido como a majestade do espaço, o programa do Ônibus Espacial fica ainda maior quando falamos sobre as suas estatísticas.
- Foram dadas 16.557 órbitas ao redor da Terra;
- Percorreu aproximadamente 700 milhões de quilômetros;
- 114 voos;
- Transportou 703 passageiros; e
- Lançou 61 satélites.
Fim de uma era
Por último, após longos anos de serviços, acontece a missão derradeira.
Através do orbitador Atlantis, a STS-135 levou quatro astronautas e o Módulo de Logística Multifuncional – MPLM (Multi-Purpose Logistics Module) para Estação Espacial Internacional, pousando 12 dias depois, na manhã do dia 20 de julho de 2011.
Logo, a justificativa da aposentaria foi que a frota tinha mais de 20 anos, precisando de manutenções constantes e caras e que só faziam viagens curtas, não sendo aproveitado para viagens à lua, por exemplo.
Atualmente, é possível fazer visitação à alguns destes Ônibus. O Discovery pode ser encontrado no Steven F. Udvar Hazy Center, no estado americano da Virgínia. O Enterprise encontra-se no Museu Espacial USS Intrepid, em Nova York.
Desde que se aposentou, o Atlantis está em exposição no Centro Espacial Kennedy, na Flórida. O Endeavour, que substituiu o Challenger depois que houve o fatal acidente, foi levado para o Centro de Ciências da Califórnia, em Los Angeles.