Sem sombras de dúvidas, um dos maiores feitos da engenharia aeroespacial é ter conseguido levar o homem à Lua. O que poucos sabem, é o fato dessa missão não ter sido abortada por causa de uma mulher: a engenheira de software Margaret Hamilton.
História de sucesso
Margaret Heafield Hamilton nasceu no dia 17 de agosto de 1936, no estado americano de Indiana. Primeiramente, formou-se em matemática em 1958 e fez uma pós-graduação em meteorologia no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Logo depois, finalizou outra pós em matemática pura na Earlham College.
Naquela época, ainda não existiam os cursos de ciência da computação ou engenharia de software. Esse último termo foi difundido pela própria Hamilton.
Foi chamada para desenvolver programas climatológicos no MIT, bem como para criação do software do computador AN/FSQ-7, máquina essa que era encarregada de captar aeronaves inimigas durante a Guerra Fria.
Já experiente e ainda no MIT, migrou para o laboratório Charles Stark Draper, que estava trabalhando para a NASA. Logo em seguida, tornou-se diretora e supervisora de programação de software para os projetos Apollo e Skylab, ambos da agência espacial americana.
A equipe, liderada por ela, foi incumbida pela elaboração do software de orientação de bordo da Apollo, usado para navegação e pouso na Lua. Por fim, deu tão certo que o mesmo programa pôde ser utilizado em várias outras missões.
Apollo 11
A Apollo 11 foi uma missão lançada pela NASA com destino a Lua no dia 16 de julho de 1969. A bordo estavam o comandante Neil Armstrong e os pilotos Michael Collins e Buzz Aldrin. A nave era dividida em três partes: o módulo de comando, o de serviço e o lunar (ao qual Hamilton era responsável).
Apesar de algumas falhas técnicas, a alunissagem aconteceu com sucesso no dia 20 de julho de 1969, numa parte do satélite natural chamada Mar da Tranquilidade. Além disso, o retorno ao planeta Terra ocorreu quatro dias depois, amerissando no Oceano Pacífico.
Margaret e o pouso
A princípio, apesar dos pesares, a aproximação em solo lunar ocorria dentro do esperado. Há três minutos do pouso, alarmes começaram a disparar um atrás do outro, sobrecarregando o computador com atividades do radar de aproximação. Mas Margaret e sua equipe tinham desenvolvido um software de altíssima performance que priorizavam as atividades essenciais, deixando as menos importantes interrompidas momentaneamente, permitindo que a alunissagem ocorre em segurança.
Segundo as investigações, o que aconteceu foi um erro na sequência de comandos a serem executados pelos astronautas. Hamilton, na época, explicou melhor a situação:
Devido a um erro na lista de comandos, o interruptor do radar de aproximação ficou na posição errada. Isso fez com que ele mandasse sinais errados para o computador. O resultado foi que o computador estava sendo requisitado a executar todas as suas funções normais para o pouso ao mesmo tempo que recebia uma carga extra de dados espúrios que usavam 15% do seu tempo. O computador (ou melhor, o software) foi inteligente o suficiente para reconhecer que estava sendo requisitado a executar mais tarefas do que devia. Então ele mandou um alarme, que queria dizer ao astronauta “Eu estou sobrecarregado com mais tarefas do que devia estar fazendo agora e vou manter só as tarefas mais importantes”… Na verdade, o computador foi programado para mais do que reconhecer condições de erro. Um conjunto completo de programas de recuperação estava incorporado no software. A ação do software, neste caso, foi eliminar tarefas de baixa prioridade e restabelecer as mais importantes … Se o computador não tivesse reconhecido esse problema e se recuperado, duvido que a Apolo 11 tivesse pousado na lua com sucesso.
Legado
Margaret Heafield não fez apenas com que o homem chegasse à Lua, mas também salvou a vida de dois dos três astronautas envolvidos na missão. Elaborou o conceito de computação paralela, onde vários cálculos são feitos de forma simultânea, além de várias outras definições da computação moderna.
Em 2016, recebeu, das mãos do então presidente americano Barack Obama, a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil dos Estados Unidos. Atualmente, aos 84 anos, é CEO da Hamilton Technologies, onde um dos lemas é: “não conserte, faça certo da primeira vez”.