A escassez de engenheiros em Mato Grosso do Sul se revelou um tema de extrema relevância no debate promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul (Crea-MS) durante o 11º Congresso Estadual de Profissionais (CEP-MS). Este evento, ocorrido em 15 de agosto de 2025 em Campo Grande, trouxe à tona preocupações profundas quanto à capacidade do estado de atender à crescente demanda por profissionais qualificados em setores críticos como engenharia pública, acessibilidade, mobilidade urbana, desenvolvimento sustentável e saneamento. A discussão contou com a participação de importantes stakeholders como o Confea, profissionais locais e empresas do setor.
Análise da Situação Atual
O principal desafio identificado foi a disparidade entre o número de engenheiros formados localmente e a quantidade necessária para suprir a demanda. Entre 2023 e 2024, apenas 724 engenheiros foram formados no estado, enquanto 1.879 profissionais de fora foram contratados, representando um crescimento de 260% na importação de engenheiros. Esse descompasso é evidenciado pelo aumento de 14% no número de empresas registradas no Crea-MS durante o mesmo período, passando de 6.062 para 6.668 empresas, destacando a urgência de políticas eficazes para a formação e retenção de mão de obra qualificada.
Histórico e Impactos Econômicos
A escassez de engenheiros em Mato Grosso do Sul reflete uma tendência nacional, que se intensificou com a expansão dos setores de construção civil, energia, indústria e agronegócio. Esse panorama gera impactos econômicos significativos, limitando o crescimento do setor produtivo e elevando os custos operacionais devido à necessidade de importar mão de obra de outras regiões. A falta de engenheiros também impede o aproveitamento pleno de oportunidades em grandes projetos industriais e de infraestrutura, fundamentais para o desenvolvimento econômico do estado.
Desafios Educacionais e de Qualificação
Um dos principais entraves é a evasão dos cursos de engenharia, somada a currículos desatualizados que não acompanham as necessidades contemporâneas do mercado. A falta de investimentos em educação e infraestrutura esbarra na criação de um ambiente propício para o crescimento profissional. A título de exemplo, o Brasil enfrentou um déficit nacional de 75 mil engenheiros em 2023, com 24.280 vagas abertas em Mato Grosso do Sul em 2024 que não puderam ser preenchidas por falta de qualificação. Medidas urgentes, como modernização curricular e políticas que incentivem a permanência de talentos, são essenciais.
Oportunidades e Inovações
Para enfrentar essas barreiras, surge a oportunidade de ampliar parcerias para formação técnica, implementar modalidades de ensino à distância e contínua, e incentivar estudantes a ingressar nas áreas tecnológicas emergentes. A introdução de trilhas de formação em automação, digitalização e Building Information Modeling (BIM) pode estimular novos talentos e atualizar engenheiros já atuantes, garantindo inovação no setor. Além disso, a criação de linhas de financiamento especial para cursos técnicos e superiores em engenharia promete ser um passo relevante para fomentar o interesse pela carreira.
Perspectivas Futuras e Soluções Propostas
O futuro de Mato Grosso do Sul em relação à engenharia depende fortemente da capacidade de implementar estratégias de formação e retenção de profissionais qualificados. Propostas como a elaboração de planos estaduais específicos, monitoramento contínuo de resultados e adaptação das ofertas de qualificação são cruciais. Além disso, parcerias público-privadas para qualificação técnica e recrutar talentos de outras regiões são fundamentais para superar o déficit. Com um olhar atento para a inovação, o estado tem potencial de liderar avanços significativos na infraestrutura e na transformação digital da engenharia.
Reflexão do Time do Blog da Engenharia
- A importância de um planejamento estratégico em educação para suprir a demanda local de engenheiros.
- Parcerias entre instituições acadêmicas e o setor produtivo podem ser determinantes para capacitação técnica.
- A atualização tecnológica contínua é essencial para manter a competitividade no mercado de engenharia.
Fonte: https://midiamax.uol.com.br/cotidiano/emprego-concurso/2025/conselho-realiza-debate-escassez-engenheiros-ms