Empresa nacional inova na produção de cana com engenharia genética moderna

A revolução no cultivo da cana-de-açúcar no Brasil ganhou um novo capítulo com a inovação introduzida pela startup PangeiaBiotech. Localizada em Campinas (SP), a empresa foi fundada pelo agrônomo Paulo de Lucca e lançou a primeira cana-de-açúcar transgênica do Brasil. A tecnologia inovadora utiliza a engenharia genética para imbuir a planta com resistência à broca-da-cana, uma das pragas mais destrutivas dessa cultura, além de conferir resistência a herbicidas. Essas modificações prometem não apenas reduzir a necessidade de defensivos químicos, diminuindo custos de produção e o impacto ambiental, mas também impulsionar a sustentabilidade da indústria sucroenergética.

A Inovação Tecnológica na Cana-de-Açúcar

A introdução de genes específicos na cana-de-açúcar foi um desafio técnico considerável, uma vez que a cultura não se reproduz por sementes. PangeiaBiotech superou essa barreira usando células-tronco vegetais, permitindo assim realizar a transformação genética. O desenvolvimento dessa cana transgênica envolveu a introdução de genes da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) e do microrganismo Agrobacterium sp., conferindo-lhe respectivamente resistência a insetos e ao herbicida glifosato. Antes de serem plantadas em escala comercial, as mudas passam por rigorosos testes em meio de cultura e campos experimentais, garantindo eficácia e segurança para os agricultores.

Stakeholders e Suporte no Desenvolvimento Tecnológico

O sucesso do projeto da PangeiaBiotech não teria sido possível sem o apoio estratégico de instituições como a EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e o SEBRAE, que ofereceram suporte financeiro e técnico. Dos R$ 900 mil investidos no projeto, R$ 300 mil foram providos pela EMBRAPII. Essas parcerias reforçam a colaboração entre a iniciativa privada e organizações de apoio à inovação, ampliando as possibilidades de transformação no cenário agrícola nacional.

Impacto Econômico e Sustentabilidade

A potencial economia de até R$ 1.500 por hectare anualmente, somada à redução significativa do uso de defensivos químicos, representa um impacto econômico favorável para os agricultores. Além disso, espera-se que essa inovação promova um aumento da produtividade, tornando a produção de etanol e açúcar mais competitiva e sustentável. As projeções para 2030 indicam que 20% da área plantada no Brasil poderá ser cultivada com as novas variedades transgênicas, transformando a maneira como a cana-de-açúcar é produzida e beneficiando o ecossistema ao reduzir a contaminação de solos e água.

Desafios e Aceitação Pública

A implementação de variedades transgênicas segue rigorosos padrões regulamentares estabelecidos pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que já aprovou outras variedades no passado. No entanto, a adoção desta tecnologia enfrenta desafios, incluindo a aceitação pública. Ainda há resistência significativa por parte de consumidores e grupos ambientalistas em relação a organismos geneticamente modificados (OGMs). Comunicando com clareza os benefícios e mitos associados a OGMs, as empresas e seus parceiros buscam dirimir dúvidas e fortalecer a aceitação dessa tecnologia nas comunidades agrícolas e no mercado consumidor.

Perspectivas Futuras e Oportunidades de Expansão

O lançamento da cana transgênica abre novas fronteiras no mercado de biotecnologia agrícola, criando oportunidades para disseminar essa tecnologia em outros países e expandir sua aplicação para outras culturas. Isso ressalta a importância de parcerias contínuas e estratégias de comunicação eficazes para superar preconceitos e regulamentações. Além disso, iniciativas de pesquisa contínuas são essenciais para explorar novas características genéticas que possam atender a demandas emergentes, como resistência a mudanças climáticas e novas pragas, promovendo assim a diversificação e inovação contínua no setor agrícola.

Reflexão do Time do Blog da Engenharia

1. A transição para uma agricultura mais sustentável e menos dependente de químicos é inevitável e essencial para o futuro.
2. Parcerias estratégicas entre startups e instituições de pesquisa são cruciais para o avanço tecnológico no setor agrícola.
3. O diálogo transparente e educativo com o público sobre os benefícios e desafios das tecnologias transgênicas é vital para a aceitação e implementação bem-sucedida dessas inovações.

Via: https://redeglobo.globo.com/sp/eptv/epagro/noticia/startup-brasileira-revoluciona-cultivo-da-cana-com-engenharia-genetica.ghtml