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Mercado de Software nacional pode se tornar forte gerador de riqueza para o País

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Uma poderosa ferramenta para fomento econômico e geração de riqueza, a Indústria Brasileira de Software e Serviços superou as expectativas de crescimento em 2012, atingindo a marca de US$ 24,934 bilhões, um crescimento de 26,7% em relação a 2011, de acordo com recente estudo divulgado pela ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), realizado em parceria com o IDC (International Data Corporation).

O mercado brasileiro de TI, que engloba software, serviços e hardware, teve um crescimento de 41,6% e passou da 10ª para a 7ª posição no ranking internacional, na frente de países como China, Austrália e Itália. Hoje, o mercado brasileiro de TI já representa 49% do que movimenta toda a América Latina, com U$ 60,2 bilhões. A região totaliza US$ 122 bilhões.

De acordo com as tendências apontadas pela pesquisa, a partir de 2013, 90% do mercado de TI será direcionado para tecnologias Mobile, Social Business, Big Data e Cloud Services. Em 2012, estes segmentos representaram apenas 22% dos investimentos em TI. Além disso, 80% dos esforços de competitividade serão focados no fomento às ofertas e capacitação das soluções para essas tecnologias.

Apesar de positivos, esses números dão hoje ao Brasil uma fatia de apenas 2,5% do mercado mundial de TI. Do total da receita do mercado de software no Brasil, apenas US$ 2,034 bilhões correspondem a soluções nacionais. A exportação de software soma US$ 183 milhões.

A ABES enxerga que um futuro de competitividade global promissor necessita de um país que sabe proteger e explorar comercialmente os direitos sobre suas inovações, reconhecer a relevância estratégica da liderança em tecnologia e identificar os pontos que impactam diretamente o mercado e que precisam ser revistos. Por isso, o setor ainda precisa do apoio do governo com iniciativas que garantam segurança jurídica, novas linhas de fomento para inovação e propriedade intelectual e a formação de técnicos especializados para começar a modificar sua realidade.

O setor de TI continua frágil, predominantemente formado por micros e pequenas empresas e incentivado pelo crescimento da presença de capital internacional nas poucas grandes companhias do setor. Um estudo recente da KPMG apontou o setor em primeiro lugar no ranking de fusões e aquisições. No total, foram 433 operações nos primeiros meses de 2012, 54 a mais que os registrados em igual período de 2011. Entre as companhias internacionais envolvidas, os Estados Unidos aparecem como principal país de origem, responsável por 104 fusões e aquisições.

De acordo com os dados levantados pelo IDC, em março deste ano, existia no Brasil uma carência de cerca de 40 mil profissionais de tecnologia. Até 2015, esse número deve crescer para 117 mil vagas abertas sem que os empregadores encontrem profissionais qualificados para atendê-las.

O empresário do setor atua em um ambiente de insegurança jurídica, com empecilhos para registro de software no INPI, com um índice de pirataria de software que atinge 53% do mercado, com dificuldade para formalizar sua relação com prestadores de serviços especializados em TI, além da bitributação dos municípios.

Para a ABES, o governo pode mudar seu papel como ator setorial e passar a ser mais comprador do que produtor de software. Investir mais em programas proprietários e menos em serviços para fortalecer a cadeia setorial. E, ainda, fomentar a inovação e a propriedade intelectual de software nacional.

O governo deu seu primeiro passo em 2012 ao lançar o Programa Estratégico de Software e Serviços de Tecnologia da Informação (Plano TI Maior). Com destaque nesse programa, foi apresentada a proposta para uma metodologia de certificação de software e serviços associados, a CERTICS, necessária para que os softwares com desenvolvimento e inovação tecnológicas realizados no País possam ter preferências previstas em lei nas compras públicas.

Essa certificação, que deve custar de R$ 5 mil a R$ 45 mil, pode servir como um incentivo para o desenvolvimento e apoio à inovação do software nacional, mas o que ainda não sabemos é até onde os pequenos e médios empresários conseguirão fazer o pagamento dessas certificações, que será feito por produtos e não por empresa.

O TI Maior contempla outras iniciativas de fomento ao setor e ainda precisa sofrer ajustes naturais, mas consideramos a iniciativa um grande passo para o longo caminho promissor que temos pela frente. O mercado de software nacional tem uma possibilidade enorme de crescimento, mas precisa ser tratado como um segmento estratégico pelo governo para a geração de empregos e competitividade geral do Brasil.

(Fonte: Canaltech / Por: Jorge Sukarie – Presidente da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software, e membro da entidade desde 1989. Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas em 1986, e Pós-Graduado pela mesma instituição, em 1987, com ênfase em Finanças e Marketing. Curso de Especialização em Gerenciamento de Empresas feito na Harvard Business School em Boston (USA). Sukarie também é Sócio fundador e Presidente da Brasoftware Informática Ltda. (1987), uma das mais tradicionais revendedoras de software do país.) Via

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