Começaram neste mês de julho, os testes de transição tecnológica para que as operadoras de telefonia móvel passem a oferecer um serviço de internet 5G DSS.
Isso significa, tecnicamente falando, que passaremos a ter o compartilhamento dinâmico de espectro.
Na prática, a nossa internet móvel pode, em breve, ser até 12 vezes maior do que o 4G, já disponível no país por todas as operadoras.
Mas será que o poder público e a nossa sociedade estão acompanhando este progresso na mesma velocidade? Ou a nossa transformação digital ainda está na era da internet discada?
Transformar-se digitalmente vai muito além do que ter a tecnologia disponível. Está ligado à cultura, aos sistemas, aos procedimentos e, também, à democratização disto tudo. Está intrínseco a como todos os serviços digitais fazem parte da rotina de toda a população.
Falar em pagar contas pelo aplicativo do banco, assinar um documento digital ou protocolar algum processo digital no site de um órgão público pode ser tarefa fácil para quem nasceu dos anos 1980 para cá…
Mas um desafio e tanto para quem é mais velho e, segundo o IBGE, representa mais de 58% de nossa população.
Por isso as mudanças digitais são tão urgentes.
A partir do momento em que as contas do mês não são mais impressas e precisam ser acessadas digitalmente, as pessoas acabam tendo que aprender a lidar com a nova realidade.
Quando percebem, já estão habituadas e se sentem aliviadas por não precisar pegar a fila de uma casa lotérica ou de uma agência bancária.
Transformação além do digital
Mas a transformação digital não se resume em fazer com que as coisas sejam digitais.
É preciso fazer com que os procedimentos sejam mais rápidos e práticos por meio do ambiente digital.
Quer ver um exemplo de mudança positiva na prática?
Hoje, conseguimos fazer qualquer transferência bancária com o aplicativo de celular.
Temos disponíveis TED, DOC e, em alguns bancos digitais, a possibilidade de depósito por boleto.
Se fizermos um TED fora do horário comercial, ele só é compensado no dia útil seguinte. Se fizermos um DOC, ele pode demorar até 2 dias para cair na conta-destino.
Recentemente, o Banco Central anunciou o PIX, uma modalidade de transferência que pode ser compensada em 24 segundos, independente do dia ou horário.
Ou seja, usando o mesmo celular, a mesma tecnologia, a mesma internet e o mesmo aplicativo, teremos uma ferramenta nova, que vai agilizar e muito a forma como administramos as nossas finanças.
Transformação efetiva.
É por isso que temos que defender uma transformação digital no poder público que seja rápida e eficaz.
Não precisamos do 5G para termos iniciativas que façam com que, com a internet que a gente já tem hoje, a nossa vida e o nossos procedimentos sejam mais práticos.
Este exemplo do PIX pode ser estendido a processos burocráticos de abertura e fechamento de empresas, pagamento de impostos, liberação de alvarás e várias outras coisas que, hoje, do jeito que são, acabam demandando mais tempo e espera do que se houvesse um sistema digital mais efetivo.
É preciso estender esta experiência e, principalmente, fazer com que ela seja realidade em todo o país, e não só para um determinado grupo ou segmento. Democratizar a tecnologia é fazer com que ela chegue a todas as pessoas, em todos os lugares.
Se você estiver em uma viagem de carro pela Europa, entre um país e outro, você vai conseguir fazer uma transferência bancária de onde estiver, porque o sinal de internet é praticamente onipresente.
Será que isso seria possível no Brasil, onde muitas vezes ficamos completamente isolados, sem sinal para fazer até mesmo uma ligação de voz?
A notícia da chegada do 5G ao Brasil é excelente, mas depende da sociedade, das entidades de classe e do poder público fazer com que a transformação digital seja além do estrutural, também cultural.
Assim, teremos tecnologia eficiente, processos práticos e sistemas acessíveis a todas as pessoas e segmentos.