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Greve dos caminhoneiros

A greve dos caminhoneiros e o preço do diesel: entenda a relação

A possibilidade de haver uma nova greve dos caminhoneiros preocupa e vem gerando debates entre a sociedade, governo e entidades ligadas à categoria. Segundo rumores a greve deve ocorrer no início de fevereiro.

A paralisação dos caminhoneiros ocorrida em 2018 mostrou o quão dependente somos desse modal de transporte. Portanto, uma nova greve nesse momento de pandemia, certamente trará prejuízos enormes.

Greve dos caminhoneiros
Fonte: VEJA

Assim, o governo tenta adotar medidas a fim de acalmar os ânimos. Uma das propostas consiste na redução dos tributos incidentes sobre o óleo diesel.

De acordo o presidente da ANTB, José Roberto Stringascida:

“O reajuste no preço [do combustível] precisa ser no mínimo a cada seis meses. O ajuste semanal torna impossível o trabalho dos caminhoneiros.”

Os protestos vem ocorrendo nesse início de ano, momento em que a Petrobras anunciou aumento nos combustíveis. Recentemente foi anunciado um aumento de 5% na gasolina. Ademais, o diesel deve aumentar em 4,4%.

Composição do preço do diesel

Antes de chegar nos tanques, o diesel passa por vários setores. Primeiramente, o petróleo passa pela refinaria onde são gerados vários derivados, entre eles o diesel. Em seguida, o combustível é misturado com biodiesel, armazenado, distribuído e comercializado nos postos.

Portanto, o preço do diesel sofre influência de todos os setores por onde passa, desde o preço do petróleo, passando pelo custo do biodiesel, transporte e armazenagem até a margem de lucro na comercialização.

Adicionalmente, em todas as fases incidem tributos federais e estaduais. Os principais são ICMS, CIDE, PIS/PASEP e COFINS.

Fonte: PETROBRAS

Ao contrário do que muitos pensam, a Petrobras não determina o preço na bomba. A empresa influencia os preços até a venda na refinaria. Além disso, o preço do diesel vendido nas refinarias representa menos da metade do preço cobrado nas bombas.

Importância dos caminhoneiros

Os caminhoneiros são vitais para o funcionamento do país, você já deve saber disso devido aos últimos eventos de greve generalizada, especialmente em 2018. Essa classe movimenta 60% de toda a carga brasileira e percorre os quase 2 milhões de quilômetros de estradas que há em nosso país.

Para se ter uma ideia, os modais ferroviário, aquaviário e aéreo representam, respectivamente, 20,7%, 13,6% e 0,4% do transporte de cargas no Brasil. Ou seja, é na terra que tudo acontece!

Assim, fica nítida a dependência do Brasil com o modal rodoviário. Além disso, essa falta de diversificação nos meios de transporte ressalta ainda mais a importância dos caminhoneiros no desenvolvimento socioeconômico do país.

Motivos da paralização

Primeiramente, vejamos o que disse Plinio Dias, presidente do Conselho nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (CNTRC):

“Com a pandemia e a crise, estamos sofrendo com o aumento dos custos. Não conseguimos acompanhar os valores dos combustíveis e alimentos. Não podemos nos calar nesse momento.”

Paralização

A alta no preço dos combustíveis, especialmente o diesel, é um dos principais motivos para o início da paralização. No entanto, existem outros. Os principais são:

  • Implementação do piso mínimo para o frete.
  • Críticas ao BR do Mar, projeto do governo que busca ampliar o transporte marítimo de cabotagem pela costa brasileira.
  • Mudança na Política de Preço de Paridade de Importação (PPI), estabelecida pela Petrobras em 2016. Com a PPI, os preços dos combustíveis são revisados uma vez por mês, tendo como base o mercado internacional.
  • Contra a contratação direta dos profissionais, “para evitar abuso do poder econômico”.
  • Direito de aposentadoria especial para caminhoneiros, que foi alterado na Reforma da Previdência.
  • Pela aprovação do Marco Regulatório do Transporte, o PLC 75/2018, que está em análise no Senado.
  • A falta de aplicação das regras de jornada de trabalho, incluindo horários de repouso.
  • Fiscalização mais efetiva da ANTT.

O que pode ser feito para evitar a paralização

Minimizar o preço do diesel nas refinarias e os impostos são duas opções possíveis, já que são áreas onde a Petrobras e o governo têm controle. Contudo, alterações nesses setores podem gerar grandes prejuízos.

Vejamos o que disse Bolsonaro na saída de uma reunião no ministério da economia:

“Estamos estudando medidas. Agora, não tenho como dar uma resposta de como diminuir o impacto, que foram nove centavos no preço do diesel. Para cada centavo no preço diesel, querendo diminuir o PIS/Confins, equivale a buscarmos em outro local 800 milhões de reais. Então, não é uma conta fácil de ser feita.”

Apesar disso, para evitar a paralização, o governo estuda uma redução de tributos incidentes no preço do diesel e deve anunciá-la em breve.

Greve dos caminhoneiros

No caso da Petrobras, uma redução no preço do preço do diesel independentemente das cotações internacionais resultaria em grandes prejuízos. Ou seja, estariam repetindo erros do passado que geraram a maior dívida entre empresas no mundo e quase quebraram a Petrobras.

Dessa forma, se o preço do diesel ficar abaixo do mercado internacional, nenhuma empresa vai querer importar. Assim sendo, a Petrobras tem duas opções neste cenário: não importar e deixar o mercado desabastecido; ou importar e vender com prejuízo, comprometendo a capacidade da Petrobras de investir e gerar riqueza para o País (PETROBRAS, 2021).

Portanto, uma redução do preço por parte da Petrobras é até possível, mas se torna inviável considerando o mercado internacional. Além de poder gerar futuros prejuízos para a empresa.

Assim, para impedir a greve, o governo e as categorias representantes do setor devem entrar em acordo a fim de atender os pedidos da classe onde for possível. Ou seja, as medidas devem ser tomadas considerando a economia e os impactos sociais.

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