Nos últimos dias temos visto a população que reside no Rio de Janeiro reclamando dos aspectos visuais da água com a presença de turbidez, odor e até mesmo a falta dela.
Contudo, essa problemática da água não é uma peculiaridade apenas do Rio, e também tivemos problemas anteriores com essa temática.Com o passar dos anos, a taxa de crescimento populacional tende a aumentar.
Como resultado, temos um maior consumo de água e uma maior produção de esgotos, tanto residuais quanto industriais.
Poderíamos deixar os esgotos de lado e utilizarmos água “limpa”?
Sim! Porém, garanto que não é a melhor solução.
Pois, apesar da superfície do nosso planeta ser 70 % água, cerca de 95% é água salgada, não sendo disponível para uso, o que torna esse recurso escasso.
Já existem países que sofrem com a falta de água.
Sendo assim, faz-se necessário o investimento em estações de tratamento e em novas técnicas para reutilização das águas.
Esse recurso para ser utilizado, tanto nas indústrias quanto para uso pessoal, passa por diversas etapas de tratamento e técnicas variadas.
Vamos conhecer todo o processo?
Principais poluentes
As águas oriundas de efluentes industriais como em residências possuem poluentes característicos a saber.
Nas indústrias, os principais contaminantes são DBO, DQO, alcalinidade, pH, compostos nitrogenados, compostos fosforados, metais pesados, cor, suspensões e óleos.
Por outro lado, nos efluentes residuais também contamos com a presença de fármacos e resíduos orgânicos, pesticidas, dentre outros.
O que encontra-se, em maior quantidade neste meio, são os esteróides.
Para ilustrar, olhem a tabela abaixo.
Todavia, pode-se pensar que a presença desses últimos poluentes na água pode ser advinda principalmente do descarte incorreto tanto da população quanto das indústrias.
Porém, temos que levar em conta que os medicamentos que consumimos não são completamente metabolizados, sendo excretados através da urina e das fezes, que por sua vez, constituem o esgoto.
Métodos de tratamento da água nas industrias
O tratamento de água proveniente da indústria passa, geralmente, por três etapas:
- A primeira etapa constitui tratamentos físicos na qual utiliza-se, por exemplo, a filtração e a sedimentação.
- Segundo, utiliza-se métodos biológicos para redução das concentrações de DBO e DQO presente na água.
- E por fim, técnicas tais como a adsorção, troca iônica, membranas cristalização e evaporação.
Dentro dessas macrodivisões, podem ser empregadas técnicas mais específicas a depender do investimento e do grau de pureza que deseja-se ter. Essas metodologias seguem metodologias de operação diferentes.
Outros processos como osmose reversa e eletrodiálise já foram empregados com o intuito de promover a reutilização da água pela indústria.
Etapas de tratamento da água residual
Analogamente ao tratamento de água industrial, a água residual também passa por diversas etapas de tratamento, divididas em físicos, químicos e biológicos, até serem disponibilizadas para uso.
As estações de tratamento de efluentes seguem, por convenção, etapas padrão de tratamento da água, por exemplo: cloração, ajuste e correção do pH, coagulação, floculação, decantação, filtração, fluoretação.
Contudo, a metodologia tradicional não garante sustentabilidade ao processo devido a limitações técnicas e econômicas. Em outras palavras, tais metodologias tendem apenas a concentrar o resíduo, podendo a vir a causar problemas ambientais com a eliminação dos rejeitos do tratamento.
Diante disso, novas técnicas vêm sendo estudadas para solução desta problemática.
Técnicas avançadas no tratamento de água
Dentre as novas metodologias para o tratamento da água, a que mais tem se destacado é através dos processos oxidativos.
Nesse estudo utiliza-se espécies transitórias (radicais) como precursor na reação de oxidação, por exemplo, radicais hidroxila (OH-) que possuem alto poder oxidante e pouca seletividade.
Essas espécies são formadas através de processos fotoquímicos ou empregam alta energia, e, cada processo, possui um mecanismo de iniciação diferente.
Vamos conhecer de forma superficial essa nova abordagem!?
Primeiramente, vamos falar da fotólise. Neste processo, temos a utilização da radiação UV para promoção da formação de espécies oxidativas dentro do próprio meio como NO3– e Fe3+.
Uma variação da utilização dos raios ultravioleta são a peroxidação foto-assistida onde tem-se a introdução no meio de peróxido de hidrogênio (H2O2), a famosa água oxigenada.
Outrossim, no processo foto-fenton, tem-se a “transformação” de Fe3+ em Fe2+ que promove a formação da hidroxila, através da clivagem do peróxido.
E, por último, a utilização de dióxido de titânio como fotocatalisador.
Outras metodologias no tratamento da água.
Outras técnicas podem ser utilizadas, por exemplo: sonoquímica, com o emprego do ultrassom que geram a implosão de bolhas formadas dentro do líquido liberando grande quantidade de energia. Nesse processo, a temperatura pode chegar a 5000 ºC e 1000 atm de pressão.
A ozonólise, com o emprego de ozônio.
Por fim, pode-se gerar a cavitação do líquido e posterior colapso das cavidades geradas devido a expansão do líquido. Para isso, deve-se forçar a passagem do líquido através de orifícios, tubos venturi, turbinas onde obteremos um aumento da energia cinética e uma queda brusca de pressão.
Eficiência do tratamento de efluentes
Em suma, a técnica utilizada, como dito anteriormente, vai depender da disponibilidade econômica e de qual o objetivo do tratamento, ou seja, qual contaminante deseja-se remover.
Analogamente, ou se falar de eficiência no tratamento, deve-se levar em conta o poluente que deseja-se remover, e se, no final do tratamento, a presença de contaminantes está dentro da faixa desejável e permitida para reuso.
Logo, é necessário fazer um estudo da matriz de contaminantes da água a ser tratada. E, no caso do Rio de Janeiro e afins, colocar em prática em caráter de urgência.
Para saber mais dos acontecimentos no Rio de Janeiro, leiam o artigo no link.