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Incêndio atinge região da 25 de Março

Neste artigo será abordado um tema de grande repercussão ocorrido no dia 10 de julho de 2022 – o incêndio em um prédio comercial na região da 25 de Março, em São Paulo.

Matérias apontam possíveis causas e os efeitos oriundos desta tragédia, que serão tratados no decorrer deste texto com um viés mais técnico, tendo como intuito correlacionar a falta da segurança contra incêndio ao infortúnio evento. Quando falamos de segurança contra incêndio, infelizmente, temos um cenário onde as melhorias surgem posteriormente a alguma tragédia. É possível ter essa conclusão se fizermos uma análise história de eventos que antecedem as legislações existentes atualmente.

Região
Fonte: Shutterstock, 2022.

Incêndios que marcaram a humanidade

  • Roma – 64 DC;
  • Amsterdan – 1421 e 1452, com destruição de 1/3 e 3/4 da cidade, respectivamente;
  • Londres – 1666;
  • Chicago (EUA) – 1871, com 17 mil edifícios queimados, 300 mortos, 95 mil desabrigados e 200 milhões de dólares de prejuízo a cidade;
  • RJ-Gran Circus Norte Americano – 1961, que resultou em 372 mortes imediatas e 503 mortes no total;
  • São Paulo – Andraus – 1972, com 31 andares atingidos, 16 mortos e 350 salvamentos por helicóptero;
  • São Paulo – Jelma – 1974, acarretou em 21 andares destruídos, 179 mortos e poucas pessoas salvas por helicóptero;
  • Rio de Janeiro – Andorinhas – 1986, 21 mortos e 50 feridos;
  • Chiado – Portugal – 1988, acarretou a destruição de 18 edifícios construídos em 1755;
  • Uruguaiana – Rio Grande do Sul – 2000, foi o incêndio ocorrido em uma creche que culminou na morte de 12 crianças entre 2 e 4 anos;
  • Belo Horizonte – Canecão Mineiro – 2001, 7 mortos e 197 feridos;
  • Hotel Pilão – Ouro Preto/MG – 2003;
  • Santa Maria/RS – Boate Kiss – 2013, 242 mortos e mais de 600 feridos;
    Lei Federal nº 13.425, de 30 de março de 2017 – “Lei Boate Kiss”.

O incêndio que atingiu região da 25 de Março, precisará de perícia para averiguação da ou das causas que resultaram no evento. Ainda assim, foi levantado que o prédio em questão não possui AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. O AVCB é um documento obrigatório, emitido pelo Corpo de Bombeiros que atesta a conformidade das medidas de segurança contra incêndio e pânico presentes em uma edificação. A falta dele configura alguns cenários, sendo eles:

  • Edificação sem regularização junto ao Corpo de Bombeiros;
  • Ausência ou erro na adoção das medidas de segurança exigidas pela legislação estadual;
  • Falta de pessoal treinado para atuar no combate ao princípio de incêndio;
  • Deficiência na manutenção de equipamentos, quando existentes;
  • Carência de vistoria da edificação.
Se este é um tema relevante para você, deixo como dica de estudo a NT 2-17 do CBMERJ Clique aqui e fique por dentro!

O incêndio e suas características

Para melhor entendimento dos efeitos do incêndio que atingiu a região da 25 de Março, com início no prédio da Rua Comendador Abdo Schahin, 80, certamente, faz-se necessário apresentar alguns conceitos do comportamento do fogo, suas características e como ele se propaga.

Em primeiro lugar, o fogo é uma reação química totalmente necessária para a existência humana, que resulta da interação de: combustível, fonte de calor, ar e a reação em cadeia para unir esses três elementos. Em suma, pode-se dizer que fogo é combustão.  

No momento em que esse fogo acontece de forma descontrolada no espaço, geralmente em um curto espaço de tempo, chamamos esse evento de incêndio. O fogo apresenta algumas temperaturas características, sendo elas:

  • Ponto de fulgor: é a temperatura mínima para que um combustível desprenda os vapores necessários que, quanto em contato com o oxigênio e uma fonte de calor comecem a queimar. No ponto de fulgor, quando a fonte de calor é retirada, a chama cessa.
  • Ponto de combustão: acontece de maneira semelhante ao fenômeno anterior, tendo como única diferença que ao se tirar a chama, o fogo não irá se apagar porque existem vapores suficientes para manter o fogo.
  • Ponto de ignição: esta é uma temperatura em que os gases desprendidos do combustível são capazes de gerar combustão apenas pelo contato com o comburente (oxigênio), independentemente de qualquer fonte de calor.

Classificação da combustão

A combustão é determinada pela liberação de seus produtos (completa e incompleta) e além disso, pela velocidade de sua queima (viva, lenta, explosão e combustão espontânea). A seguir estes termos serão detalhados:

  • Combustão Completa: Ocorre quando o combustível reage perfeitamente com o comburente e como resultado não gera resíduos. Ex: chama de um fogão.
  • Combustão Incompleta: É aquela que libera os resíduos que não foram totalmente consumidos. Ex: fumaça.
  • Combustão viva: Acontece em ambientes abundantes em oxigênio, e como característica, além do calor também libera chama.
  • Combustão Lenta: É aquela que gera calor, mas não chama. Um bom exemplo desta forma de combustão é uma churrasqueira.
  • Explosão: Como o próprio nome diz, trata-se de uma combustão rápida e violenta.
  • Combustão espontânea: Pode acontecer que com alguns materiais, geralmente vegetais, que entram em combustão por atingir seu ponto de ignição.
O incêndio na região da 25 de Março é um exemplo de combustão incompleta, observem os resíduos de fumaça densa.
Fonte: G1, 2022.

Incêndio atinge região da 25 de Março por transferência de calor

Todos os conceitos abordados anteriormente tinham o intuito de estruturar um pensamento para que este tópico fosse visto. Assim sendo, a transferência de calor é a forma como essa energia (calor) vai se propagar, podendo acontecer de três maneiras diferentes, sendo elas:

  • Condução: Calor transferido por contato direto.
  • Convecção: Transferência de calor por fluidos, líquidos ou gases.
  • Radiação: É uma transferência que ocorre por meio de ondas eletromagnéticas.

Para os três casos, pode-se utilizar o exemplo de uma panela, conforma figura abaixo:

Tranferência
Fonte: Shutterstock, 2022.

O incêndio que atingiu a região da 25 de Março, aconteceu em um prédio comercial de dez pavimentos, localizado na Rua Comendador Abdo Schahin, nº 80, no centro de São Paulo. Teve início às 21:00 horas do dia 10 de julho e durou mais de 63 horas.

Assim sendo, por ser uma edificação irregular, provavelmente, não contava com medidas passivas e ativas para o combate de incêndios.Ou seja, independente da causa deste incêndio, a combinação de medidas passivas e ativas proporcionaria um combate mais rápido e, consequentemente, controlaria os riscos de propagação do incêndio para outras edificações. Infelizmente, além do edifício da Rua Comendador Abdo Schahin, o incêndio atingiu por transferência de calor um prédio na Rua Barão de Duprat, uma paróquia e uma loja de artigos de festas na Rua Cavalheiro Basílio Jafet.

Em suma, este foi mais um evento para mostrar que, acima de tudo, a segurança contra incêndio deve ser tratada com mais seriedade, deixando de ser vista como uma “simples” regularização e passando a ser tratada como uma forma de preservar vidas, patrimônio e o ambiente em que vivemos.

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