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Cloud seeding: Técnica para gerar chuva artificial

Em meio à maior crise hídrica da história da China, o país teve que utilizar uma técnica de Engenharia Hídrica chamada de semeadura de nuvem (cloud seeding) para gerar chuva artificial no seu território.

Em meio à maior crise hídrica da história da China, o país teve que utilizar uma técnica de Engenharia Hídrica chamada de semeadura de nuvem (cloud seeding) para gerar chuva artificial no seu território.

A onda de calor que afetou a China nos últimos meses, impactou diretamente a quantidade de água, assim como vêm afetando a sua economia e a falta de energia elétrica. Neste período, foi registrado mais de 2 meses sem chuva, se tornando o maior período de escassez no mundo, desde que as precipitações começaram a ser monitoradas.

Por conta disto, o rio Yangtze (maior rio da Ásia) apresentou baixas históricas em suas vazões, ocorrendo em toda sua bacia uma diminuição de 40% de precipitação comparado ao mesmo período do ano de 2021. Assim, o governo Chinês emitiu alerta máxima em pelo menos 138 cidades, fazendo com que ocorressem apagões e fábricas deixassem de operar, visto a possibilidade da falta de água até para o abastecimento público.

Desta forma, como medida drástica para mitigar a falta de água, as autoridades chinesas utilizaram de técnicas para gerar uma chuva artificial por meio de uma metodologia conhecida como semeadura de nuvens (cloud seeding).

Como são formadas as chuvas?

Antes de falar da técnica para gerar a chuva artificial, vamos falar sobre como são formadas as chuvas naturalmente na natureza!

O início do “Ciclo da Água” (Ciclo Hidrológico) se da nos processos de evaporação e transpiração, transformando a água do seu estado líquido na “superfície terrestre” para o estado gasoso na “atmosfera”. Ao evaporar, o ar mais quente e úmido tende a subir para zonas mais altas da atmosfera, e, com o aumento da altitude, é ocasionado o seu resfriamento condensando o vapor d’agua em torno de núcleos de condensação.

O Ciclo da água (Ciclo Hidrológico)

A partir da condensação, são formados os elementos das nuvens compostas por pequenas partículas de água que permanecem em suspensão por não possuírem massa para vencer a força de flutuação térmica.

Logo, para que se dê início à uma chuva, devem-se formar gotas maiores como resultado da aglomeração das gotas menores decorrente das diferenças de temperaturas, tamanho e ao próprio movimento atmosférico.

Chuvas Artificiais por meio da semeadura

Nesta técnica. denominada cloud seeding (semeadura de nuvens), é empregado a utilização de produtos químicos que são lançados na nuvens em formas de “sementes”. Estes produtos, são responsáveis por fazer a função dos núcleos de condensação (explicado anteriormente) e ocasionam a aglutinação (junção) das partículas de água, fazendo com que estas precipitem.

As “sementes” possuem o tamanho de um giz, e são normalmente compostas por iodeto de prata (AgI) ou sais de prata. Estes compostos são utilizados pois dispõem uma geometria semelhante aos cristais de gelo.

Comumente, as semeaduras são realizadas por drones, aviões, foguetes, e até em formas de bombas direcionadas às nuvens.

Benefícios da cloud seeding

De acordo com o Desert Resarch Institute (DRI), a técnica já tem sido utilizada ao redor do mundo. Princpalmente para a finalidade de aumentar o acúmulo de neve nas montanhas durante o inverno, e para melhorar o abastecimento de água das comunidades do entorno destes locais.

Sua eficácia pode variar, havendo pesquisas que constataram no longo prazo um aumento de 10% a 15% de acúmulo anual de neve nas áreas estudadas.

Outro fator relevante, é que esta técnica pode ser utilizada para reduzir a poluição atmosférica, uma vez que as chuvas funcionam como “limpadores” da poluição do ar.

Quais os problemas dessa técnica?

Porém, nem tudo são flores! Pois a grande incerteza que esta técnica traz é grande.

Recentemente na China, houveram tentativas falhas, no qual a semeadura não foi o suficiente para gerar chuvas assim como o ocorrido na Coréia do Sul em 2019. Em outros casos, como o de Dubai no ano de 2019, a metodologia gerou chuvas intensas causando alagamentos e inundações no país, trazendo um grande prejuízo econômico. Assim como na China no ano de 2009, a semeadura causou em uma queda brusca na temperatura, ocasionando uma tempestade de neve e eventos extremos.

Sabemos que o clima não é algo simples de controlar, são muitos fatores que podem influenciar as mudanças climáticas. E, tendo em vista os recentes acontecimentos e o aumento de eventos extremos, o homem vêm desenvolvendo tecnologias para ter esse controle em suas mãos.

No entanto, muitas vezes as tecnologias são pouco testadas antes da sua aplicação na prática, e sistematicamente, os impactos que podem causar são desconhecidos, trazendo um risco para a sociedade e o meio ambiente.

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Obrigado, e até a próxima!

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