Categorias

Dubai, a terra da construção civil

dubai_3

Imagine uma cidade que tem o prédio mais alto do mundo, com mais de 800 metros, a maior estação de esqui indoor do Oriente Médio e dois conjuntos de ilhas artificiais imensos em construção. Esta cidade é Dubai, parte dos Emirados Árabes Unidos desde 1971, conjunto de cidades-estado cuja capital é Abu Dhabi, e que, juntas, detêm cerca de 9% do petróleo mundial. Mas todo o ouro negro é finito e, no caso de Dubai, deve acabar em cerca de 10 anos, segundo estimativas do governo.

Luxo ao extremo e muito dinheiro gastos em megaprojetos fazem de Dubai uma cidade de contos de fadas, onde tudo não é apenas sonhado, mas realizado. Toda essa grandeza é fruto, principalmente, da ação de um homem, o xeque e governante do país, e também premier dos Emirados Árabes, Mohammed bin Rashid Al Maktoum. O plano do xeque é diversificar a economia de Dubai, investindo no desenvolvimento da cidade como pólo de negócios, turismo, mercado imobiliário e manufatura. O turismo já representa 40% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade-estado.

Sem taxas

Uma economia livre de impostos (apenas bancos e empresas de energia estrangeira pagam taxas sobre lucro) é um dos principais atrativos para grandes investidores e pequenos. “Isso faz com que o custo de vida aqui também seja mais baixo”, afirma Cecília Reinaldo, brasileira que mora em Dubai há cinco anos e é diretora de uma das principais imobiliárias do emirado, High Society Properties. Embora não haja impostos, o governo continua ganhando porque participa de todos os negócios do país – as empresas de desenvolvimento são estatais.

O mercado imobiliário que constrói as grandes atrações do país é dinâmico e supervalorizado. Lançamentos são vendidos em 24 horas. “Não só uma unidade, mas andares inteiros são disputados. Um dia ainda tenho de filmar isso, porque quando digo ninguém acredita”, diz Cecília. Segundo ela, uma pessoa que comprou um imóvel em Dubai há dois anos com certeza já recuperou, no mínimo, 100% do investimento. “E o melhor de tudo, não há juros. Os pagamentos são mais pesados, com 20% de entrada e outros montantes de 10% ou mais de 4 em 4 meses, mas é tudo parte de um valor combinado lá atrás e parcelado sem taxas”. O retorno é bom também para quem aluga o imóvel – cerca de 15% do valor do imóvel, enquanto em Curitiba é de, normalmente, até 2%.

Compradores

Segundo Cecília não há principais compradores em Dubai. “Em 2002, quando foram designadas áreas específicas para a construção de imóveis que poderiam ser adquiridos por estrangeiros, os investimentos vinham de vizinhos do Golfo Pérsico. Hoje são pessoas dos quatro cantos do mundo com diferentes motivações”. Alguns investidores, como os europeus, compram para fugir do frio. Outros, como alguns vizinhos árabes, compram imóveis como uma garantia de um lugar seguro frente à instabilidade política de sua terra natal. Outros apostam no mercado simplesmente por retorno financeiro – esse seria o motivo brasileiro. “Os empresários brasileiros que compram aqui estão acostumados a fechar negócios nos EUA e na Europa”, conta Cecília.

Para efetivar um negócio é preciso buscar uma imobiliária de lá ou mesmo a Dubai Properties (órgão do governo). No site da instituiçãowww.dubaiproperties.ae estão sendo vendidos alguns dos principais megaprojetos da cidade.

Os próprios projetos também têm sites específicos, com direito à reserva e compra de unidades. “É claro que os investimentos são altos, mas a partir de US$ 300 mil já é possível comprar um apartamento”, afirma Cecília. Para a diretora da High Society Properties, a crise financeira mundial deixou o mercado imobiliário de Dubai um pouco ocioso, mas não promete maiores efeitos negativos.

Exportações brasileiras

A Big 5, uma das principais feiras de construção de Dubai, será realizada este mês e terá a participação de 36 empresas brasileiras que buscam novos mercados ou mesmo uma saída para suas exportações agora prejudicadas pela crise financeira mundial. A participação é organizada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex).

A fabricante e exportadora de revestimento cerâmico Casa Grande S/A, com sede em Curitiba, participa pela segunda vez do evento. “Em 2007 firmamos muitos contatos, mas a parcela de Dubai ainda não é significativa no nosso faturamento”, diz a trader da empresa, Raquel Casagrande.

Já a exportadora WK, também de Curitiba, que comercializa produtos certificados de madeira de todo o Brasil, já tem resultados concretos. “Em 2007, recebemos 200 visitantes no nosso estande. Hoje, 30% do nosso faturamento vem da região, Abu Dabhi e Dubai”, comenta o dono e diretor de vendas da WK, Igor Kaufeld.

Outra empresa brasileira que está apostando em Dubai é a Adhemir Fogassa, uma das líderes no mercado interno na fabricação de maquetes. “Abrimos um escritório este ano lá, no espaço da Apex, que não tem representante físico, mas um perfil nosso. Quarenta empresas já fizeram contato com a gente”, conta o diretor comercial da empresa, Manoel H. Caras.

Em 2007, os brasileiros negociaram cerca de US$ 52 milhões na Big 5 (40% a mais que em 2006) e 4,8 mil visitantes passaram pelo estande. As importações provenientes do Brasil (carne, açúcar e maquinários) não chegam a 1% do total importado pelos Emirados, o que a CCAB estima estar abaixo do potencial, já que o Brasil é fabricante e exportador dos produtos mais importados pelo país.

 

Via

 

Postagens Relacionadas