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Racismo Estrutural? Mas o que é isso?

Apesar de parecer um assunto do passado, infelizmente o racismo é ainda muito presente em nossa sociedade. E no mundo da engenharia isso também não é diferente. Mas antes de entendermos o que é o racismo estrutural, vamos falar um pouco sobre o que é o racismo.

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Fonte: https://www.brasil247.com/oasis/racismo-estrutural-quando-o-preconceito-vira-regra-e-se-torna-normal

Falando na linguagem de engenheiros, vamos pensar nos materiais usados para a construção de uma casa. São necessários cimento, vergalhões, tijolos, areia e água para a construção da fundação. Ao subir as alvenarias, os tijolos são sobrepostos um ao outro, fixados sobre camadas de argamassa, conforme muito bem associado pela jornalista Maria Teresa Ferreira Jurado.

Mas onde entra o racismo nisso tudo?

Na construção da sociedade brasileira, o racismo é o cimento. Ele é o elemento que sustenta a estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira, ainda conforme Maria Teresa.

Segundo o Ranking Universitário Folha (RUF), divulgado pela Folha de São Paulo, no ano passado, a porcentagem de estudantes negros nos 10 melhores cursos universitários do país ficou estagnada desde 2011.

A presença de negros foi de apenas 27% em 2016 ante 26% no ano de 2011,quando analisados os dez cursos mais bem avaliados e com melhor reputação.

Na avaliação individual de cada curso, a proporção varia conforme o tipo de engenharia. Engenharia Mecânica e Engenharia Química (18%), Engenharia de Produção (19%), Engenharia de Controle e Automação e Engenharia Ambiental (21%).

Um pouco de história

A estrutura social possibilita a manutenção do racismo ao longo da história e pode ser contada a partir das próprias leis do país, das quais, algumas ainda datam da época em que os negros eram escravizados.

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Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/racismo.htm

Depois de 300 anos de escravidão, o Brasil continua a carregar parte dessa história. Fomos o último país da América a abolir a escravidão negra formalmente, em 1888.  Ainda assim, ficou enraizado no inconsciente coletivo da sociedade brasileira, depois de mais de um século, um pensamento que marginaliza as pessoas negras.

Mas afinal, o que é racismo estrutural?

Segundo Bárbara Forte, racismo estrutural é o termo usado para reforçar o fato de que há sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em detrimento das outras. No Brasil, nos outros países americanos e nos europeus, essa distinção favorece os brancos e desfavorece negros e indígenas.

Já pela visão de Maria Teresa, é essa naturalização de ações, hábitos, situações, falas e pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana do povo brasileiro e que promovem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial. Um processo que atinge tão duramente — e diariamente — a população negra.

Mas por quê falar nisso hoje em dia?

Apesar de termos um debate aberto e evoluído sobre o assunto, estamos longe de disseminar esse mal. O combate também tem tido muita atenção, porém é impossível negar que o racismo esteja presente nos dias de hoje.

Muito além do que dizem as leis, o racismo está mais ligado ao comportamento e forma de pensar da sociedade. Assim, a cor da pele significa muito mais do que um traço da aparência. Ela é associada a capacidades intelectuais, sexuais e físicas. É como se ser negro estivesse associado a qualidades físicas apenas (a dança, os esportes, o trabalho pesado), e não intelectuais, diz Bárbara Forte.

Esse equívoco de narrativa resulta na desvalorização da cultura, segundo Maria Teresa, intelecto e história da população negra. Mina suas potencialidades e, principalmente, aumenta o abismo criado por desigualdades sociais, políticas e econômicas e por isso deve ser estirpado.

Concluindo

Em conclusão, segundo Bárbara Forte, racismo vai muito além de preconceito ou discriminação e, por isso, os especialistas apontam diferentes tipos. São eles:

Individualista: quando o sujeito não entende a complexidade da questão e, por isso, nem sempre percebe seus próprios atos discriminatórios. Exemplos disso são as declarações do tipo “não sou preconceituoso, pois até tenho amigos negros” ou “não existe diferença entre raças, afinal somos todos humanos”. De fato, somos todos humanos. No entanto, isso não foi levado em consideração e continua não sendo na prática. As informações citadas até aqui indicam essa discrepância. Ainda fazemos uma diferenciação entre brancos, negros, indígenas e outras raças.

Institucional: é o fato de que as instituições praticam direta ou indiretamente a discriminação entre as raças. Uma prova disso é o número de prisões em massa de negros pela polícia brasileira.

Estrutural: é o conjunto das várias formas de racismo, incluindo o individualista (e seus desdobramentos, como a discriminação e o preconceito) e o institucional, que estruturam a sociedade e naturalizam no imaginário coletivo que o lugar do negro está ligado à servidão ou à criminalidade.

 

 

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