Segundo as diretrizes que norteiam as funções e responsabilidades de um engenheiro de produção, essencialmente, trabalhamos com sistemas de produção através da gestão de pessoas, materiais, energia, equipamentos e informações, tudo dentro da realidade financeira vigente em cada organização.
Dessa forma, o engenheiro de produção organiza os recursos de maneira a tornar a produção de bens e serviços mais econômica, respeitando os preceitos éticos e culturais.
Daí, surge uma distinção importante da Engenharia de Produção para as demais engenharias que, em geral, focam em apenas um elemento constituinte desse sistema, como material (Engenharia de Materiais), computação (Engenharia da Computação) ou equipamentos (Engenharia Mecânica).
Por isso é imprescindível que o engenheiro de produção conheça o essencial de cada uma das engenharias dentro de um sistema produtivo, mas, também, saiba analisar e interpretar a interdependência entre seus elementos constituintes.
A História da Engenharia de Produção
Tratando-se da origem da Engenharia de Produção, temos Frederick Taylor como seu precursor. Sua preocupação com eficiência e desperdício forneceram os primeiros métodos de análise e melhorias de um sistema produtivo. Essas ideias elementares estabeleceram a base para uma área de conhecimento titulada Engenharia Industrial, ou Engenharia de Produção (como era chamada pelos ingleses).
Posteriormente, Henry Ford colocaria os princípios de Taylor em todas as dimensões e nuances, produzindo em sua fábrica o clássico Ford Modelo T. Este carro foi muito conhecido por ter sido fabricado em grande volume e baixo preço entre 1908 a 1927.
Uma das grandes contribuições de Ford à indústria foi o conceito de Intercambialidade, inspirado no exército americano que por volta de 1820 já utilizava este conceito de engenharia na produção de armas.
Além disso, outro conceito de base importante utilizado por Ford foi o da linha de montagem, imortalizado pelo filme Tempos Modernos de Charles Chaplin. Para desenvolvê-la, Henry Ford iria se inspirar nos abatedouros americanos. Estes realizavam as atividades de rotina estrategicamente localizadas na fábrica, funcionando como uma espécie de linha de “desmontagem” de animais.
Nessa época, quem estabelecia o que se entendia como “modo econômico” de produzir eram os gerentes e donos das fábricas. Porém, o “modo econômico” encorpou outros aspectos e tornou-se mais amplo, introduzindo novos Stakeholders ao conceito.
Assim, diferente de antes, os atuais engenheiros de produção precisam saber quem influenciam e como essa influência trabalha no sistema produtivo quando são projetados, implementados e aperfeiçoados. Esta influência no processo deve ser levada em consideração, uma vez que ela molda a forma como os recursos vão ser organizados e o desempenho da empresa será avaliada.
A Engenharia de Produção nas Ciências Sociais
Em uma empresa de bens e serviços, várias funções devem ser executadas, no qual, em geral, são separadas em departamentos. Destes, destacam-se três como função-fim, sendo Marketing, Produção e Pesquisa e Desenvolvimento.
Há muito tempo era comum que estes departamentos trabalhassem de forma relativamente independente, porém com as constantes pressões colocadas sobre as empresas, atualmente esses departamentos trabalham de forma compartilhada.
Assim, o engenheiro de produção atual trabalha em equipes multidisciplinares, envolvendo pessoas de departamentos diferentes, tanto de marketing, produção, pesquisa e desenvolvimento, como também outros como financeiro ou departamento jurídico.
Contudo, a atuação desse engenheiro não se limita a isso. São muitos os exemplos de engenheiros de produção que trabalham com gestão de pessoas. Na definição da America Industrial Engineering Association, a mais usada para descrever a engenharia de produção, temos:
“[o engenheiro de produção] tem como base os conhecimentos específicos e habilidades associadas às ciências físicas, matemática e sociais…”
Mas, por que Ciências Sociais?
As melhores empresas têm como missão a contratação, desenvolvimento e gerenciamento das pessoas certas, de forma a extrair a potencialidade máxima de seus colaboradores. Dessa forma, Economia não é a única ciência social no repertório de um engenheiro de produção. Sociologia e Psicologia também possuem lugares de destaque, uma vez que pessoas são recursos importantes dentro de um sistema produtivo.
É relativamente incomum uma incursão profunda dessas disciplinas manifestar-se no currículo da Engenharia de produção. Porém, nelas devem se apresentar todas as abordagens básicas para que o engenheiro projete os processos de trabalho adequado às pessoas.
“Dessa forma, temas como motivação, participação, processos de decisão, clima e cultura organizacional, entre outros, devem ser do conhecimento do engenheiro de produção” – Mario Batalha.