O crescimento populacional mundial associado à segurança alimentar exigiu grande produção da indústria alimentícia. Como resultado, a aquicultura é um mercado em crescimento, e o Brasil produziu 841.005 toneladas de peixes de cultivo em 2021, segundo estudo da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR).
Essa alta demanda vem acompanhada de alguns desafios que muitas vezes são enfrentados pelo uso generalizado de antibióticos – prática considerada obsoleta devido ao surgimento de patógenos resistentes a esses antibióticos – por isso é necessário investigar novos tratamentos, como os probióticos. É sobre essa nova forma de tratamento que vamos falar neste artigo.
Perdas econômicas
O autor Jesus et al. (2016) estima-se que as perdas econômicas na aquicultura mundial oriundas de enfermidades ultrapassem a cifra de US$ 9 bilhões ao ano. Ou seja, causando limitação do crescimento da aquicultura.
A palavra probiótico é originário do latim “pro bios” e significa “em favor da vida”, que pode ser definido como:
“Microrganismos vivos adjuntos que, quando administrados em quantidades apropriadas, conferem benefício à saúde dos hospedeiros, por melhorar o equilíbrio da microbiota no hospedeiro ou a comunidade microbiana do ambiente, assegurando o aumento: do uso alimentar ou valor nutricional, da resposta do hospedeiro sobre a doença, ou pelo aumento da qualidade do ambiente “.
(VERSCHUERE et al, 2000).
Para auxiliar no bem-estar animal ainda temos o prebiótico e o simbiótico, mas esse é assunto para outro momento.
Como os probióticos age nos organismos aquáticos:
- Agindo na defesa intestinais do hospedeiro e no sistema imune, é necessário para a prevenção de doenças infecciosa e tratamento de inflamações;
- Em segundo lugar, realizando efeitos sobre outros os organismos, por exemplo, patogênicos, e no tratamento e restauração do equilíbrio microbiano no intestino;
- Além disso, a inativação de toxinas e na desintoxicação de hospedeiro e componentes alimentares no intestino.
Segundo Mello et al. (2013), os microrganismos probióticos devem ser aptos a colonizar o intestino do animal, se adaptar à especificidade física, química e biológica da microbiota intestinal, resistir às ações da bile e das enzimas digestivas e sistema imune do hospedeiro.
Ação dos probióticos (Princípio de Gause)
O princípio de Gause basicamente é quando duas espécies não podem ocupar um mesmo ambiente por muito tempo, uma delas irá sempre dominar, pois é mais adaptada àquele habitat. Como resultado, os probióticos, depois de ingeridos, encontrando-se em meio favorável para sua multiplicação, colonizam o trato gastrintestinal, predominando sobre os demais microrganismos ali presentes.
Devido a isso, manifesta-se um equilíbrio microbiano a favor da microflora favorável, tornando-se na redução de pH, e como consequência na redução de bactérias enteropatogênica (EPEC).
Diferente de humanos e outros animais, os organismos aquáticos possui microrganismos dominantes Gram-positivos e anaeróbicos, em espécies que contém hábitos alimentares herbívoros. Os gêneros mais comuns são Vibrio e Pseudomonas, em peixes marinhos, crustáceos e bivalves, e Aeromonas, Plesiomonas e Enterobacterium, em peixes de água doce.
Produtos mais comercializados
Atualmente, alguns produtos comerciais têm sido explorados, partindo-se do pressuposto de que as bactérias que melhoram a qualidade da água dos tanques de criação podem ser benéficas à saúde dos animais.
O benefício na qualidade da água pode estar relacionado à presença de bactérias gram-positivas, pois elas transformam matéria orgânica em dióxido de carbono de forma mais eficiente do que as bactérias gram-negativas.
Por exemplo é a bactérias do gênero Bacillus, que tem a capacidade de repelir bactérias indesejadas e impedir crescimentos.
Porém podemos citar outros agentes que pertencem às bactérias de Carnobacterium, Lactobacillus, Lactococcus, Enterococcus, Shewanella, Leuconostoc espécies de Aeromonas, Vibrio, Enterobacter, Pseudomonas, Clostridium e Saccharomyces.
Em conclusão, os probióticos podem ser oferecidos como aditivo alimentar, para enriquecer a ração viva ou propriamente na água de cultivo.
Referência: JESUS, Gabriel Fernandes Alves et al. Probióticos na piscicultura. Aquaculture Brasil. Santa Catarina, p. 38-39. jul. 2016. Disponível em: https://docweb.epagri.sc.gov.br/website_epagri/Cedap/Trabalho-Periodico/54-Trab_periodico-piscicultura-sanidade.pdf. Acesso em: 11 out. 2022.
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