Em 23 de março publiquei aqui no Blog da Engenharia um artigo titulado 4 Plataformas No-code para começar a criar APPs em 2021, no qual abordei de forma bem sucinta alguns desses recursos para programar aplicações. A matéria foi bem recebida e até rendeu-me um convite para apresentar o assunto no projeto Papo Tecnológico da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Mogi das Cruzes (AEAMC) no começo de maio.
Acontece que como discorri no artigo e em minha apresentação, o movimento No-code encontra-se em grande evidência atualmente, recebendo ampla aplicação financeira do mercado tecnológico.
Dessa forma, constatamos investimentos de empresas como a Google que adquiriu o AppSheet em 2020, a Amazon lançando o Honeycode em março deste ano, a brasileira Totvs com a Fluig, a Oracle lançando o Apex e a Microsoft com o Power Apps. Estes são apenas alguns exemplos dentre muitos que evidenciam a ascensão do No-code.
Contudo, mesmo diante de muitas evidências é comum observarmos um comportamento de negação partindo de alguns programadores que insistem em desmerecer o No-code em detrimento à programação.
Alguns mais “exaltados” até mesmo afirmam que No-code não é programação ou que é impossível fazer uma aplicação real sem programar em linhas código. Resolvi, portanto, trazer esta discursão para o Blog e elucidar os leitores sobre as principais diferenças entre o No-code e a programação.
No-code é programação de verdade?
Na teoria, não! Porém, na prática pode sim ser considerado, já que é possível obter muitos bons resultados a partir dessas plataformas. Há inclusive muitos programadores que enxergam a oportunidade diante do crescente mercado e dos benefícios, e já trabalham exclusivamente com No-code.
Porém, é interessante ressaltar que isso não desmerece a programação, pois esta possui objetivos e público diferentes do No-code.
Então, para quem serve o No-code?
Bem, é verdade que muitos programadores utilizam No-code para criação de aplicações, sites, APIs, dentre outras tecnologias. Contudo, via de regra, o No-code atende um outro tipo de público: os empreendedores.
Isso porque em um mercado competitivo, custoso e que exige uma boa dose de estudo como é o da programação, o No-code acaba sendo uma alternativa mais rápida, barata e muito mais fácil.
Além disso, se o empreendedor em questão não sabe programar, o No-code acaba por ser uma das únicas alternativas realmente práticas, já que aprender a programar do zero ou terceirizar a aplicação iria custar muito tempo e dinheiro.
Entre criar o MVP e lançar a versão 1.0 da aplicação, o empreendedor dispenderia milhares de reais. Por outro lado, utilizando uma plataforma No-code, é possível criá-la em apenas 2 meses no preço de 30 dólares ao mês.
Quais as vantagens do No-code?
Além das já mencionadas, isto é, custo de fabricação da tecnologia e velocidade na criação, há muitos outros benefícios. Por se tratar de ferramentas visuais, é possível consertar bugs e implementar melhorias com muito mais facilidade.
Além disso, a integração com outras plataformas torna-se muitas atividades mais fáceis. Existem plataformas, por exemplo, que permitem criar aplicações nativas para Android, como o Kodular ou IOS, como Thunkable.
E o Low-code… O que tem a ver?
Low-code são ferramentas de baixo código. Elas costumam funcionar no sistema Drag and Drop – do inglês Arrastar e Soltar. Isso significa que os usuários não necessitam escrever em linhas de código, pois a programação vem em blocos pré-programados, no qual exigirão apenas o conhecimento em lógica para a construção dos algoritmos.
Assim, na prática isso agiliza muito o trabalho e, por isso, muitas grandes empresas utilizam ferramentas Low-code para criação de suas plataformas. Se você pegar o Outsystems, por exemplo, e analisar a lista de seus principais usuários, poderá constatar a presença de muitas grandes multinacionais como a Intel, Mercedes Benz, Honda e Volkswagen.
Dessa forma, o Low-code é outro movimento em ascensão. Segundo a Gartner, uma das principais instituições de pesquisa no ramo tecnológico, pelo menos 65% de todo o desenvolvimento de aplicativos será realizado a partir de plataformas Low-code até 2024. Além disso, quase 66% das grandes empresas usarão no mínimo quatro dessas plataformas.
Isso explica o motivo das gigantes da tecnologia estarem investindo tanto em suas próprias plataformas de criação de aplicações.
Para fecharmos o assunto!
Mais uma vez é importante ressaltar que a programação não é melhor nem pior que o No-code ou Low-code, pois essas modalidades atendem objetivos e públicos diferentes. Enquanto o No-code atende empreendedores e o Low-code auxilia empresas em seus projetos, a programação é a base de tudo.
Portanto, programadores não devem subestimar as plataformas No-code, assim como os No-coders não devem afirmar que a programação encontrou seu fim nesta nova modalidade de codificar.
Mesmo nas próximas décadas, as próprias plataformas No-code, os plugins para estas ferramentas e toda uma série de tecnologias que sustentam esses recursos, ainda precisarão ser programados através de linhas de código.
Assim, não há fundamentos que sustentem tal discursão entre no-coders e programadores, pois como vimos, estas nunca foram ferramentas concorrentes, porém, complementares.