Uma comunidade de pequenos mexilhões é capaz de comprometer uma usina hidrelétrica devido ao seu alto grau de reprodução. A mesma é a mais afetada em virtude de necessitar exclusivamente da água dos rios para gerar energia elétrica.
O molusco Limnoperna fortunei conhecido popularmente como mexilhão dourado é um molusco bivalve de água doce, que mede cerca de três a quatro centímetros. A reprodução é por gametas depositados na água e fecundados externamente e depois passa por uma fase larval, transforma-se em plâncton e fixa-se em superfícies. A larva do mexilhão-dourado produz uma estrutura proteica chamada bisso, que permite a fixação em vários tipos de materiais.
Por outro lado, tem uma alta prolificidade, rápido crescimento. Posteriormente a colônias podem atingir densidades de mais de 100 mil indivíduos por metro quadrado.
Introdução dos mexilhões no Brasil
O mexilhão é uma espécie originária dos rios da China, trazido para a América do Sul, que provavelmente foi trazida por navios.
A primeira vez que a espécie foi observada no Brasil foi no Pantanal em 1998, e foi se expandindo pelo Brasil.
Além disso, o sucesso da espécie foi notório que segundo informações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais renováveis (Ibama), já está presente em cerca de 50 hidroelétricas Brasileiras.
Sucesso negativo
O mexilhão destaca-se como uma espécie invasora pela capacidade de reduzir o diâmetro ocasionando o entupimento de tubulações e filtros principalmente em equipamentos nas usinas hidrelétricas e de abastecimento.
Em uma usina de pequeno porte, quando afetada pode ter um prejuízo diário de cerca de 40 mil a cada dia de paralisação. Um exemplo é a Usina de Itaipu, que aumentou o volume de manutenção das turbinas após a chegada da espécie invasora, gerando custos diários extras de cerca de US$ 1 milhão por dia de limpeza, segundo o site do G1.
Apesar de ser uma área de cultivo da aquicultura a mitilicultura, ou cultivo de mexilhões também apresenta diversos prejuízos para o setor.
De acordo com estudos realizados pelo Ibama para dimensionar os impactos do mexilhão na aquicultura, os custos do setor são de R$3.000,00 a R$4.000,00 por 1.000 kg de peixes mortos ou diminuição de rendimento final do peixe produzido (informação obtida por Consulta Pública).
“Ele vai se incrustando sobre si mesmo e vai formando massas cada vez maiores de modo que mesmo tubulações muito grandes podem ser completamente fechadas pela presença dele”.
Explica Alex Nuñer, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que coordena pesquisas sobre a espécie, para o jornal g1.
Como afeta as usinas hidrelétricas?
Primordialmente os problemas causados pela formação de depósitos são principalmente o entupimento de tubulações e filtros, alterações no fluxo de água e redução nos diâmetros das tubulações, acúmulo e enchimento de válvulas em estações de tratamento, indústria e geradores.
Da mesma forma, os custos operacionais aumentam devido à eficiência reduzida da bomba, tubulações corroídas devido ao crescimento de bactérias e fungos e tempo de inatividade para limpeza e troca de filtros.
O que tem feito para ser evitado os mexilhões
Posteriormente foi criado pelo Ministério do Meio Ambiente a Portaria nº 494, de 22 de dezembro de 2003, em caráter emergencial. A Força-tarefa Nacional para o Controle do Mexilhão- -dourado, resultando no Plano de Ação Emergencial para o Controle do Mexilhão-dourado, que conclui que:
- O controle e a contenção da dispersão do mexilhão-dourado devem se constituir em tarefas de caráter permanente;
- Deve haver restrição nas atividades de tráfego hidroviário;
- Devem ser ampliadas as ações de fiscalização de embarcações de pequeno porte de pesca e recreio transportadas por via rodoviária;
- Maior controle no transporte de fauna e flora;
- Desaconselha a transposição de águas e aconselha maior rigor na fiscalização, em relação às navegações internacional e de cabotagem.
Apesar dos inúmeros esforços para o combate de proliferação dos mexilhões dourados ainda é um problema que afeta as usinas hidrelétricas brasileira. Consequentemente acarretando diversos gastos para o setor hidrelétrico e também aquicultura.
Com isso, podemos afirmar que se não houver investimentos e constante manutenção os mexilhões dourados são capazes de parar uma usina hidrelétrica por um determinado período.
Este artigo foi produzido com ajuda da acadêmica Karine dos Anjos da graduação de Engenharia de Energia pela Universidade Federal do Paraná.