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Manejos alternativos no controle de população praga no milho

O Brasil é um país reconhecido mundialmente por sua produção agropecuária, tendo contribuição para as exportações e o PIB do país. A produção de grãos foi destaques, que na safra 2019/2020 deve alcançar 345,8 milhões de toneladas (CONAB, 2020). Conheça agora alguns Manejos alternativos no controle de população praga no milho!

O milho consiste na segunda cultura mais plantada no Brasil, sendodestaque na agricultura do país ao longo dos últimos anos. De acordo CONAB (2022), para a safra 2021/22 foi previsto uma produção com um aumento de 29%, comparando-se à safra anterior.

O clima do Brasil, certamente favorece o cultivo do milho, como também, enfrenta diversos problemas fitossanitários, como por exemplo, um conjunto de patógenos causadores de doenças vasculares, conhecidos como complexo de enfezamentos (PINTO, 2021).

Photo by Wouter Supardi Salari
Lavouras de milho têm sido atacadas sistematicamente pelo inseto denominado, “cigarrinha do milho” (NOGUEIRA et. al, 2022).

Ainda segundo Nogueira et.al (2022), o vetor Dalbulus maidis, transmite os
fitopatógenos (classe dos molicutes): Spiroplasma kunkelii (enfezamento pálido) e
Maizebushystunt phytoplasma(enfezamento vermelho), causando grandes danos
nas lavouras de milho com consequências econômicas, ecológicas e sociais.

Considerada uma das principais pragas no cultivo do milho, a cigarrinha Dalbulus maidis (DeLong&Wolcott) (Hemiptera: Cicadellidae), vem causando danos e perdas de mais de 70% (EMBRAPA, 2021). A transmissão ocorre através do hábito alimentar do inseto, que ao se alimentar do floema de plantas de milho infectadas é capaz de adquirir os patógenos (PINTO, 2021).

Segundo SAHU (2012), a D. maidis sobrevive a temperaturas entre 10°C a
32,2°C. Sendo seu tempo de vida inversamente proporcional a temperatura em
baixas temperaturas pode-se chegar a 66,6 dias de vida e em altas temperaturas a
15,7 dias de vida.

person holding there is no planet b poster
Photo by Li-An Lim

Conforme apontado no dossiê clima da USP, o planeta vem aumentando de temperatura. No Brasil, teve-se um aumento em torno de 1,5 graus centígrados. Isso está acarretando alterações biológicas, como: migrações, decréscimo de população de espécies, intensificação de furacões e tornados, entre tantos efeitos, estão sendo analisadas com uma frequência incomum.

A temperatura é o principal fator climático que influencia os artrópodes, modificando seu desenvolvimento, sobrevivência, fecundidade, distribuição e abundância. Assim, como também, causam mudanças para as plantas. Esses aumentos de temperatura alteram a fisiologia da planta ao longo dos anos, até modificando seu valor nutricional. Dessa forma, a diminuição do valor nutricional, faz com que o inseto consuma mais no mesmo período de tempo e muitas vezes em populações maiores e mais resistentes.

Conforme apontado no estudo de PINTO (2021), a temperatura não só é o fator mais influente no ciclo da cigarrinha, como determina a intensidade e duração desses períodos. As condições ótimas para aquisição e inoculação de molicutes são entre 27 e 30oC durante o dia e por volta 23 de 18oC a noite.

A dinâmica de plantio de milho (safra, safrinha e até terceira safra) influenciou a incidência do complexo de doenças. Com mais de uma safra, o hospedeiro se mantém em campo por um tempo maior (PINTO, 2021).

No mesmo sentido, a elevação do preço da commodity, motivou os produtores a intensificarem o seu cultivo com duas ou safras por ano (NOGUEIRA et. al, 2022).

Sendo a temperatura um fator muito influente no desenvolvimento do inseto, temos alta população de cigarrinhas aumentando durante épocas mais quentes do ano (primavera e verão), em que se planta a cultura do milho (hospedeiro)(PINTO, 2021).

NOGUEIRA et. al (2022) classifica como uma das principais estratégias de manejo de pragas que tem como suporte o controle biológico é o MIP. Que diminui consideravelmente o uso de defensivos químicos, preservando os inimigos naturais da D. maidis.

Habitats complexos

Para fazer o controle da D. maidis, é necessário um conjunto de ações preventivas a serem realizadas por todos os produtores. Conforme aponta FINKE E DENNO (2006), habitats mais complexos (como cobertura de palhada) diminuem consideravelmente a população de cigarrinhas devido ao aumento da população de aranhas predadoras e insetos de solo.

Photo by Dayan Perea

Nesse sentido, vide a importância socioeconômica da cultura do milho e a
dificuldade do controle da praga D. maidis, faz-se então mui importante que se
estude a integração de manejos conservacionistas de ambiente, com vistas às
mudanças climáticas já projetadas aos longos dos anos, sendo este um dos
objetivos do trabalho, junto à conclusão da disciplina de Defesa Sanitária Vegetal.

É possível notar, que atualmente a adoção de manejos de pragas,
diferentes e mais conservacionistas, mostra resultados satisfatórios e menos
prejudiciais ao meio ambiente, como eficiência no controle das pragas.

O consórcio milho-braquiária mostra um aumento significativo dos inimigos naturais das pragas da lavoura do milho, aumentando a incidência de joaninhas (Coccinellidae); sirfídeos (Diptera: Syrphidae); aranhas, besouros da Família Carabidae, tesourinhas (Dermaptera) e percevejos (NOGUEIRA et.al, 2022).

Por exemplo, adotar o sistema de plantio direto, com plantio em palhada, diminuindo a temperatura de solo, trazendo melhoria da fauna de solo (como aumento de aranhas predadoras de cigarrinhas), manutenção de microrganismos, e da umidade. De acordo com NOGUEIRA et.al (2022), habitats complexos (como cobertura de palhada) diminuem a população de cigarrinhas devido ao aumento da população de aranhas predadoras e insetos de solo.

Outro exemplo é adotar o monitoramento de praga, para controle no momento exato, evitando desperdícios, trazendo economia de químicos. Assim, se pode optar pelo uso de agentes biológicos como Beauveria bassiana e até Metarhizium robertsii A utilização de fungos entomopatogênicos é uma alternativa para controle da cigarrinha-do-milho. Ela acaba infeccionando os insetos e os utiliza como hospedeiros para germinação dos seus esporos e liberação de conídios (NOGUEIRA et.al, 2022).

spider web in close up photography
Photo by Nick Fewings

Concluindo o tema

É possível notar, que atualmente a adoção de manejos de pragas, diferentes e mais conservacionistas, mostra resultados satisfatórios e menos prejudiciais ao meio ambiente, como eficiência no controle das pragas.

Assim, espera-se que essas adoções como plantio em palha, consorcio, nutrição adequada, manutenção da umidade e temperatura de solo, controle no tempo certo e até possível adoção de agentes biológicos, que se tenha uma redução drásticas, nos anos iniciais a adoção dos manejos, da população praga.

As práticas e a adoção dos manejos de pragas trazem resultados satisfatórios ao longo dos anos. Fazendo a manutenção do sistema ecológico, assim como uma agricultura menos agressiva, aliada a economia, e eficiência do controle de pragas.

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Agradecimento por colaboração a Maicon Candido Tessaro.

REFERÊNCIAS
  • CONAB. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento de
    safra brasileiro – levantamento de grãos 2020. Brasília: 2020.
  • CONAB. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento de
    safra Brasileira: grãos, sexto levantamento. Brasília – DF. 1-87 p.,2022. Disponível
    em: https://www.conab.gov.br/infoagro/safras/graos/boletim-da-safra-degraos.
    Acesso em 11 nov, 2022.
  • NOGUEIRA, Glaucia Cortez et al. Controle e manejo da cigarrinha do milho
    (Dalbulusmaidis) no Brasil. 2022. Disponível em:
    https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/23754 Acesso em: 11 nov,
    2022.
  • PINTO, Murilo Rafael. Cigarrinha-do-milho (Dalbulusmaidis) e o complexo dos
    enfezamentos: características de transmissão, disseminação e controle. 2021.
    Disponível em:
    https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/13756/TFG%20Murilo%20Pinto
    %20Final%2022-01-2021.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 11 nov, 2022.
  • SAHÚ, M. C. Determinação de parâmetros e modelagem matemática de
    enfezamentos em milho considerando infectividade do vetor antes da fase adulta.
  • Universidade Estadual de Campinas, 2012. Disponível em:
    https://www.ime.unicamp.br/~mac/db/2012-2S-095870.pdf Acesso em: 11 nov,
    2022.
  • EMBRAPA. Bioinseticida natural obtido por fermentação líquida controla
    cigarrinha-do-milho, 2021. Disponível em:
    https://www.embrapa.br/busca-denoticias/-/noticia/63465104/bioinseticidanatural-ob
    tido-por-fermentacao-liquidacontrola-cigarrinha-do-milho Acesso em: 11 nov, 2022.
    FINKE D.L., DENNO R.F. (2006) Spatial refuge fromintraguildpredation: implications
  • for preysuppressionandtrophiccascades. Oecologia, 149, 265– 275.
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