Pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), Cingapura desenvolveram um biomaterial feito inteiramente de pele de rã-touro e escamas de peixe descartadas (resíduos da aquicultura), que podem ajudar no reparo de tecido ósseo.
Portanto, neste artigo, vou te contar mais sobre essa pesquisa super importante não só para a aquicultura sustentável mas também para a medicina, confira!
Como esse biomaterial ajuda no reparo ósseo?
O incrível de tudo é que o biomaterial contém os mesmos compostos predominantes nos ossos. Assim, ele atua como um suporte para a adesão e multiplicação das células formadoras de osso, levando à formação de um novo osso.
Mas como eles chegaram a essa conclusão?
Por meio de experimentos, os pesquisadores descobriram que as células formadoras de osso humano semeadas sobre o biomaterial aderiram com sucesso e começaram a se multiplicar.
Esse biomaterial pode ser usado para ajudar na regeneração do tecido ósseo perdido por doenças ou lesões, como defeitos na mandíbula por trauma ou cirurgia de câncer.
Ele também pode auxiliar no crescimento ósseo ao redor de implantes cirúrgicos, desde regeneração de tecidos gengivais na doença periodontal, a osso para colocação de implantes dentários, a mandíbula após cirurgia de tumor.
Além disso, os pesquisadores também descobriram que o risco do biomaterial desencadear uma resposta inflamatória é baixo.
Os pesquisadores acreditam que o biomaterial é uma alternativa promissora à prática atual de uso tecido do próprio paciente, que requer cirurgia adicional para extração óssea. Eliminar essa necessidade de cirurgia adicional também se traduz em economia de tempo e custo e menos dor para os pacientes.
Ao mesmo tempo, a produção deste biomaterial ajuda a reduzir os resíduos da aquicultura oriundos das espécies utilizadas. Assista o vídeo a seguir para entender melhor:
Importância da pesquisa para a aquicultura
Conforme Chelsea Wan, diretora da Jurong Frog Farm, a aquicultura é um caminho importante para atender à crescente demanda global por pescado seguro e de qualidade e ser uma alternativa promissora para complementar com eficiência as opções de espécies capturados por pesca. Porém, um grande desafio que enfrentamos é o enorme desperdício e redução de recursos aquáticos valiosos.
A pesquisadora relata que, em Cingapura, o consumo anual combinado de carne de rã e peixe é estimado em cerca de 100 milhões de quilos, tornando a pele de rã-touro e escamas de peixe dois das maiores fontes de resíduos da aquicultura no país. Sendo assim, esses pesquisadores transformaram resíduos em um material de alto valor com aplicações biomédicas.
Além disso, a pesquisa se baseia na área de sustentabilidade e está alinhada com a abordagem da economia circular de Cingapura em direção a uma nação de desperdício zero.
Portanto, a integração de resíduos de pescado em um único produto é uma importante inovação sustentável para a indústria de aquicultura e medicina.
Como esse biomaterial é feito?
Para fazer o biomaterial, os pesquisadores extrairam o colágeno da pele da rã-touro (Rana catesbeiana) e hidroxiapatita das escamas do peixe cabeça-de-cobra (Channa micropeltes), comumente conhecidos como peixes Toman.
O colágeno da rã fornece suporte para as células se ligarem, enquanto a hidroxiapatita do peixe fornece uma fonte de cálcio e fosfato para promover a formação óssea.
O biomaterial é sintetizado pela adição do composto de escama de peixe em pó ao colágeno, e a mistura é então fundida em um molde para produzir uma estrutura porosa.
Todo o processo leva menos de duas semanas, mas os pesquisadores acreditam que pode ser reduzido e ampliado.
Os resultados da pesquisa, que começou em 2018, foram disponibilizados online na revista científica Materials Science and Engineering: C em abril de 2021.
Vídeo resumo da pesquisa:
Em seguida, a equipe de pesquisa entrou com pedido de patentes para aplicações de cura de feridas de biomaterial e engenharia de tecido ósseo.
Os pesquisadores agora estão avaliando a segurança e eficácia em longo prazo do biomaterial como produtos odontológicos sob uma bolsa do Instituto Internacional de Pesquisa Conjunta China-Cingapura, com o objetivo de comercializá-lo.
E em entrevista coletiva no dia 28 de maio de 2021, o pesquisador Tay disse que a equipe está se movendo para testar o biomaterial em animais na próxima fase do projeto e que levaria pelo menos cinco anos antes que ele pudesse ser aplicado em ambientes clínicos.