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Como um balão de São João pode causar uma catástrofe na Aviação

De que maneira uma simples queda de um balão de São João poderia causar um acidente aéreo trágico na aviação civil e quais consequências isso poderia trazer para a sociedade?

Já vimos nesse artigo que infelizmente estamos à mercê de criminosos. Quaisquer atividades relacionadas a balões que possam causar incêndios, incluindo fabricar, comercializar e soltar, são tipificadas como crime.

Uma rápida elucubração sobre os possíveis cenários de acidentes já nos mostra que sim, é possível um balão cair num aeroporto. Aliás, já vimos no mesmo artigo que inclusive já caíram e, pasmem, mais de uma vez.

Ainda estamos com sorte.

Vejamos o que pode ocorrer em alguns cenários possíveis de quedas de balões em aeroportos:


Aeronaves em abastecimento

Um balão com uma tocha em chamas pode cair sobre uma aeronave em processo de abastecimento. Nessa operação, temos grande quantidade de combustível e de seus vapores aliados ao confinamento (dentro das asas ou dos tanques dos caminhões). Isso é suficiente para deflagrar um incêndio de grandes proporções ou uma explosão.

Dada a proximidade de aeronaves, parece bem plausível que as chamas ou o calor desse primeiro foco atinjam aeronaves próximas.

Cabe observar que na aviação várias operações são realizadas simultaneamente, como carregamento de bagagens, cargas e insumos e abastecimento em conjunto com o embarque e desembarque de passageiros.

Também, aeroportos são instalações projetadas de forma a acomodar o máximo de aeronaves com o melhor uso do espaço. São planejados para tornar uma série de atividades mais eficientes, como manobras e movimentação deles.

Num breve exercício de consequências desses eventos em cadeia, podemos vislumbrar, por exemplo, uma aeronave em chamas (ou várias aeronaves). Como resultado, centenas de passageiros tendo de ser evacuados no meio desse incêndio e equipes de emergência tendo de lidar com um cenário atípico, mas possível.

Queda de balão aceso no depósito de combustíveis do aeroporto

Aeroportos internacionais armazenam grandes quantidades de combustível em seus terminais. Como exemplo, o Aeroporto de Guarulhos, no estado de São Paulo, possui um estoque de reserva de querosene de aviação para três dias de operação, o que chega a mais de 20 milhões de litros de combustível em seus tanques. Já o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, possui estoque reserva da ordem de 10 milhões de litros

Um balão com uma tocha acesa que cai sobre essa rede de tanques pode deflagrar um incêndio de grandes proporções. Dessa maneira, pode ser necessário iniciar procedimento de evacuação nas proximidades, incluindo o terminal de passageiros. 

Queda de balão nas proximidades

Aeroportos podem estar em qualquer lugar, desde afastados quanto literalmente fincados no meio da cidade, como o de Congonhas, em São Paulo.

A queda de um balão pode gerar incêndio e, com isso, a possibilidade de fumaça. Além dos óbvios danos materiais, pode ser necessário restringir o tráfego – já congestionado – de aeronaves até que as condições se tornem minimamente seguras.

Não podemos deixar de citar que a mera presença de balões no espaço aéreo também já é suficiente para se restringir a movimentação de aeronaves. A probabilidade de uma aeronave se chocar com um balão, apesar de remota, não é nula: balões e aeronaves em aproximação compartilham de altitudes e espaços aéreos semelhantes.

Consequências para a Sociedade

Além das previsíveis (e caríssimas) consequências tanto em razão das perdas materiais quanto das perdas humanas (não somente morte, mas também lesões e doenças, incluindo psíquicas), a notícia por óbvio irá se espalhar pelo mundo.

A segurança da aviação civil Brasileira também poderá ser questionada.

E isso significa que algumas companhias aéreas (ou até mesmo países) podem-se negar a voar para o Brasil e com razão, desafortunadamente. Logo, empresas Brasileiras podem ser prejudicadas a voar para certos países, pois seria possível invocar cláusulas de acordos aéreos bilaterais ou acordos de reciprocidade.

E o que podemos fazer para mitigar esse risco?

A identificação de balões de São João pelos radares de aeroportos não é tão simples. Esses equipamentos de detecção e monitoramento de objetos voadores via rádio estão calibrados para trabalhar com aeronaves, que possuem dimensões e características de reflexão de ondas muito diferentes dos balões.

Também, ainda que detectado nas proximidades de um aeroporto, não há muito o que se fazer preventivamente para evitar que um balão aceso continue sua rota. Balão de São João não é um objeto voador tripulado e manobrável.

Talvez a única ação que se pode tomar é acionar a brigada de emergência do aeroporto para monitorar e tentar mitigar eventuais danos que a queda de um balão nesse local possa causar. Também, não há meios seguros para se interceptar o balão perto de um aeroporto e forçar sua queda (ainda) descontrolada.

Deve-se impedir que balões sejam soltos.

É até vergonhoso a Sociedade Brasileira, composta por valorosos profissionais de diversas áreas, incluindo a nossa querida Engenharia, ter de se explicar ao mundo que o fator latente para a ocorrência dessa catástrofe foi uma cultura de soltar balões de papel desgovernados.

E que, apesar de ser tipificado como crime e dos esforços de toda a sociedade em campanhas de educação e de repressão, de fiscalização, ainda existem organizações criminosas que se orgulham de ser “baloeiros”.

Uma vez no ar, a estamos renegados à própria sorte.

A tragédia parece estar anunciada.

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