Dias atrás, uma amiga compartilhou comigo pelo Instagram, uma publicação com o mesmo título desse artigo.
O alto preço de se viver longe de casa, foi uma publicação com poucos parágrafos que me fez refletir sobre o desejo que eu tinha lá atrás, quando ainda estava cursando engenharia. Sair da minha cidade, da minha casa, para trabalhar.
E dois anos depois desse desejo ter se tornado realidade, e em cima dessa reflexão que o texto publicado na página do @cafecomed, fui inspirada a vir aqui escrever esse artigo, e contar um pouco da minha experiência.
Espero que contando um pouquinho do que eu vivi, você possa se sentir encorajado a viver o que deseja.
Para onde eu vou?
Nunca soube na verdade. Eu só sabia que queria conhecer cidades, estados, através do meu trabalho. Porém não tinha nenhuma em mente, e muito menos estava me planejando para isso. A única coisa que eu sabia, era que primeiro eu precisava estar formada. Ou seja, mesmo que durante o curso aparecesse alguma oportunidade (o que aconteceu), minha prioridade seria concluir engenharia.
Esse objetivo, foi traçado em cima de uma conversa que eu tive com um ex-líder, quando ainda era estagiária. Ele me disse o seguinte “depois da faculdade, você vai apenas trabalhar”. Ou seja, naquele momento eu precisava terminar o que estava fazendo, aproveitar que eu estava perto da família, e não tinha grandes responsabilidades além do estágio e faculdade.
E quando aconteceu de eu sair, foi na primeira (segunda na verdade) oportunidade que surgiu logo após a conclusão do meu curso.
Como sabia que era a hora certa?
Na verdade, não sabia. Talvez um pouco eu soubesse, e eu conseguia sentir que era o momento, que era a chance, a porta certa. E eu fui. Depois de uma ligação de cinco minutos com minha futura líder, e mais 30 dias de preparação para a mudança, eu estava embarcando na maior aventura/loucura que já teria vivido na minha vida até ali.
Desde o momento em que recebi essa oportunidade, eu me sentia em paz com essa escolha, e conseguia ver um futuro ali. Mesmo que eu tivesse que deixar tudo o que eu chamava de vida até então, para trás. E eu teria que recomeçar do zero.
Então, já de cara Deus que foi o principal precursor disso tudo, antes do meu esforço para ter chegado até ali, me mandou para um lugar a quase 2 mil quilômetros de distância de onde eu sempre vivi. Pois é, como eu disse lá no começo, eu não tinha um destino certo, tinha apenas o desejo de ir. Então eu fui.
Será que vou dar conta?
Infelizmente a dúvida, a insegurança e o medo são coisas que sempre vão vir para te assombrar nessas horas. Mas não deixe ser dominado, olha para frente, para o seu objetivo.
Bom, apesar de eu ser engenheira civil, o ramo profissional que escolhi seguir na minha foi dentro do saneamento. Então foi ali que entrei como estagiária, e foi nessa área que tive todas as oportunidades que faziam parte do meu objetivo profissional. Mas, nem sempre a oportunidade que vai surgir, é a função que você de fato domina. O que eu quis dizer com isso? Até então minha experiência no saneamento, era na área de distribuição de água, porém, a minha nova atividade seria na área de tratamento de água. Louco né? Pois é, eu também achei na época.
Mas o que me fez ir mesmo não sabendo se eu ia conseguir? A vontade de querer fazer dar certo, meu objetivo, e a ideia de que eu nunca comecei nada já sabendo, eu sempre tive que aprender. E se não desse certo, eu poderia voltar e recomeçar. E para se jogar nisso, você precisa gostar de mudança, precisa querer, precisa correr atrás, e colocar sua coragem para jogo. Acredite, você dará um jeito!
Deu certo?
Até agora está dando certo, até porque logo fará dois anos que saí de casa para ir atrás desse objetivo que eu nem sabia ao certo como seria. Mas nem sempre eu achei que daria certo. Tem vários dias que eu começo a me questionar, que a insegurança vem me assombrar, que a saudade de casa aperta, e o medo do incerto aparece.
São vários pontos que será necessário colocar em prática em você, para que as coisas deem certo. Seja humilde, observe as coisas enquanto conquista seu espaço, se comunique bem com todos que farão parte da sua equipe, peça ajuda, não tenha medo de deixar claro que não sabe ou que não tem experiência com tal coisa. Nessas horas a técnica não é a prioridade inicial, a inteligência emocional deve ser colocada em ação.
Nem todos os dias dá certo, mas tem uma frase que você deve conhecer que fala assim “um dia ruim, não significa uma vida ruim”. Então viva um dia de cada vez, e aprenda constantemente com seus erros.
E qual é o alto preço?
São vários heim! Sair da sua zona de conforto, deixar sua família, seus amigos, sua vida, e basicamente ter que começar do zero. É muito intenso, quando chega o momento de você embarcar para essa nova vida, e você ver que o que está carregando são algumas malas, incertezas e muita saudade. E a partir dali vai ser com você.
Serão feriados longe da família, aniversários, a falta do abraço e do colo da mãe, muitas vezes sem data marcada para uma visita. Terão dias de crise, dias solitários, e aqueles dias também que você vai ter a certeza de que fez a escolha certa. Terão experiências incríveis, pessoas novas, muito aprendizado.
Vale a pena sair de casa?
Bom, sempre vale a pena. Mesmo que você volte para casa um dia, valerá a pena durante o tempo que durar. Porque você fará o seu melhor com o que você tem.
Vale a pena pela maturidade que é ganhada, a independência conquistada, o crescimento profissional que você terá, as pessoas que irá conhecer, as crises que você dará conta de enfrentar, as experiências que você irá viver.
E como eu disse, não é porque você foi, que você não poderá voltar. Mesmo quando voamos para construir nossa própria vida, sempre deixamos parte do nosso coração no lugar que chamamos de casa. E é para lá que você poderá voltar caso em algum momento você decida que não quer mais pagar esse alto preço.
E não quer dizer que você voou, e voltou para o ninho porque não deu conta, até porque você jamais voltará sendo a mesma pessoa que saiu.
Quanto tempo isso dura?
Depende do seu objetivo. Tem pessoas que pré-determinam o tempo em que ficaram longe e quando iram voltar para perto. Tem pessoas que nunca querem voltar, que estão felizes sendo nômades. Mas tem pessoas (como eu), que vai vivendo isso conforme as oportunidades vão surgindo. Já estou na minha segunda cidade nesses dois anos, e aberta para as novas que estão por vir. Tudo depende da fase que você estiver na sua vida, suas prioridades mudam.
E sempre quando você mudar, vai ser como se fosse a primeira vez. Porque o lugar que você está deixando, ficaram pessoas, rotina, a casa que você chamou de lar por um tempo, e você levará as lembranças. E na parte profissional, você tenderá a estar mais experiente, mas nunca será igual, e dificilmente você terá dominado tudo.
Então, deixo aqui esses parágrafos para os corajosos que deixaram sua vida para trás, para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. E também, para aqueles que querem mais ainda não tiveram coragem.