Na última semana o Canal de Suez virou destaque mundial devido ao bloqueio do canal pelo navio cargueiro Ever Given (operado pela empresa Evergreen). A embarcação é gigantesca: 400 metros de comprimento (algo equivalente a 4 campos de futebol) e 200 mil toneladas.
Só estas informações seriam suficientes para diversas notícias (principalmente no mundo da engenharia!) se não houvesse uma problema ainda maior: o impedimento de circulação de mercadorias e o impacto na cadeia de suprimentos global!
Sobre o Canal de Suez
O Canal de Suez foi inaugurado em 1896 para ser uma grande via navegável (193 km) que permitisse a ligação entre a Ásia e Europa. Isto traz uma economia de percurso, pois não é necessária realizar a rota através do entorno pelo sul da África (uma redução de 7 mil km).
Porém, com o bloqueio do canal de Suez a mais de 5 dias (a embarcação encalhou no dia 23 de março de 2021), a realização da antiga rota já começa a ser avaliada pelas empresas de transporte marítimo. O percurso que seria realizado em até 24h (pelo Canal de Suez), passaria a ser realizado em até 2 semanas (pelo sul da África).
Impactos do bloqueio do Ever Given
Com o atual bloqueio do navio Ever Given no canal de Suez, estima-se que US$ 9,5 bilhões em mercadorias deixam de circular por dia através do canal. Entre estas mercadorias estão desde petróleo e grãos até roupas e calçados. Só para ter ideia, cerca de 10% do comercio marítimo passa por lá, assim como 30% da oferta mundial de petróleo atravessam o canal.
Isto irá impactar diretamente no preço dos produtos do nosso dia a dia (como combustíveis, alguns alimentos, entre outros) e também em insumos e componentes para os diversos setores industriais. Dá para termos uma noção do impacto direto e indireto que isto pode causar? Muitos BILHÕES de dólares, com certeza!
E quais são os outros efeitos deste bloqueio? Congestionamento nos portos, navios voltando vazios, aumento do frete, entre outros!
A imagem abaixo mostra a quantidade de navios esperando para entrar no canal, um verdadeiro “engarrafamento” de embarcações.
Desafios cadeia de suprimentos (supply chain)
A partir destes fatos surge novamente uma antiga discussão: a fraqueza da cadeia de suprimentos (supply chain). Assim como aconteceu no início da pandemia do coronavírus (COVID-19), este atual bloqueio do Canal de Suez promove a reflexão sobre o modelo atual da cadeia de suprimentos a nível global.
Assim, a concentração de produção, fabricação e distribuição em determinados locais do mundo proporciona uma vulnerabilidade e riscos, que acabam sendo expostos em situações como a que vivemos atualmente.
É necessário a criação de um sistema de produção e distribuição mais eficaz e para isso as soluções passam por mais investimento em tecnologia (principalmente aquelas relacionadas à Indústria 4.0 – Manufatura Aditiva, Internet das Coisas (IoT), Machine Learning, Inteligência Artificial (IA), entre outras), produtividade e maior ação dos fornecedores locais. A CNN Brasil falou sobre este tema no início da pandemia (clique aqui e confira).
Por exemplo, empresas que aguardam a chegada de peças e dispositivos para suas linhas de fabricação (que estão paradas no Canal de Suez), poderia ter impressoras 3D que permitissem a construção destas peças. Um caso bem conhecido, de empresas que faz isto, é da Heineken. Confira no vídeo!
Contundo, aqui no Blog da Engenharia, também já falamos sobre isto em alguns posts, como o “Supply Chain e a Indústria 4.0 o que esperar?” e o “Dassault Systèmes cadeia de suprimentos: Renascimento da Indústria e digitalização”
Portanto, agora nos resta aguardar a retirada da embarcação e liberação do tráfego marítimo, para retomada à normalidade da cadeia de suprimentos!
Grande abraço!