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Por que as cerâmicas das fachadas dos edifícios caem?

Entenda porque o descolamento de peças cerâmicas podem causar danos às pessoas e prejuízos a condomínios e construtoras

Você já olhou para um prédio e percebeu algo estranho no revestimento cerâmico da sua fachada? Normalmente são regiões da fachada que apresentam coloração mais escurecida, manchas esbranquiçadas “escorrendo” palas paredes, trincas grandes nos rejuntes entre as placas cerâmicas e até mesmo alguns lugares onde as cerâmicas caíram. Isso não é apenas um fator que prejudica a estética do prédio, mas também pode representar um risco para quem circula ali por perto.

Apesar de não ouvirmos falar com frequência sobre quedas de placas cerâmicas de prédios, elas acontecem! Na verdade são noticiados apenas os casos em que há vítimas das peças que caem da fachada. Pastilhas cerâmicas que caem sobre calçadas, blocos inteiros de revestimento que desabam sobre carros e até fragmentos de peças quebradas que atingem pessoas, são fatos que necessitam de maior atenção devido ao seu potencial de destruir bens materiais, causar ferimentos e gerar desavenças entre condomínios e construtoras.

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Fonte: ReMaster Engenharia e Construção (2020).

Por que os revestimentos cerâmicos caem?

No estudo das patologias das construções inúmeros são os tipos de manifestações patológicas em revestimentos cerâmicos. Entretanto, o que iremos abordar aqui é o chamado descolamento ou desplacamento cerâmico. Geralmente são quatros os principais fatores que causam esta manifestação patológica:

  • Expansão por umidade (EPU)
  • Baixa resistência do emboço
  • Falha no assentamento
  • Ineficiência das juntas de movimentação
Mas por que isso acontece? Vem que eu explico:

A expansão por umidade (EPU) é um índice que diz o quanto uma peça cerâmica vai expandir (deformar) quando estiver em contato com água ou vapor. Assim, quanto maior for o seu EPU, maior será sua deformação. O problema não é a peça cerâmica expandir, mas sim ela estar em um espaço confinado – como quando estão assentadas em uma parede. Quando o rejunte utilizado entre essas peças é muito rígido as cerâmicas não conseguem se expandir, causando o descolamento.

carâmica
Fonte: Eng. Lawton Parente (2017).

A baixa resistência do emboço acontece durante a etapa de construção da obra e geralmente é causada por erro no seu traço ou pela falta de hidratação durante a cura da argamassa. Assim, o emboço se torna “fraco” e quando são assentadas as placas cerâmicas ele não tem capacidade de suportar seu carregamento, possibilitando a queda das cerâmicas.

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Tensões atuantes no revestimento.

Falhas no assentamento das placas cerâmicas também acontecem durante a fase de execução por erros da mão-de-obra. Apesar de ser uma técnica errada, e o profissional que coloca as placas cerâmicas aplica a argamassa de assentamento fazendo “desenhos” circulares com a desempenadeira dentada, ou até mesmo não respeitando o tempo em aberto da argamassa colante.

Fonte: Mapa da Obra (2017).

As juntas de movimentação são diferentes das juntas de assentamento. As de assentamento são aqueles espaços entre as peças cerâmicas que são preenchidos com rejunte, já as de movimentação são juntas maiores, podendo ser horizontais ou verticais, que dividem as fachadas em panos menores. Com a incidência solar, os panos das fachadas dilatam e essas juntas permitem a movimentação sem que haja o surgimento de patologias. Entretanto, quando as juntas de movimentação são ineficientes, o risco de desplacamento é alto.

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Fonte: EPEC – UFSC (2021).

Como prevenir que os desplacamentos das cerâmicas aconteçam?

Problemas com descolamentos de placas cerâmicas em prédios podem prejudicar tanto os síndicos que administram os condomínios quanto as construtoras que executaram as fachadas. O síndico responde judicialmente pelo seu condomínio e qualquer problema que cause prejuízos materiais ou físicos devido a queda de objetos pode resultar em processos com indenizações às vítimas. Entretanto, se o prédio ainda estiver dentro do período de garantia legal, a responsabilidade por quedas de peças cerâmicas pode recair sobre quem executou a fachada.

Para evitar que ocorram quedas de cerâmicas é necessária a inspeção periódica das fachadas, onde profissionais habilitados irão mapear as regiões que apresentam manifestações patológicas. Através de inspeção visual, com imagens de drones e até mesmo com ensaios de percussão na fachada realizado por alpinista, é possível identificar se existem problemas com a aderência das cerâmicas ao corpo do edifício e se há risco iminente de quedas.

Em suma, intervenções podem ser executadas para evitar desplacamento e até mesmo um projeto de fachada pode ser elaborado em casos de manifestações patológicas generalizadas. O que não se pode admitir é a negligência com um assunto tão sério e que pode causar graves acidentes sendo que é algo evitável.

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