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Microalgas: o alimento do futuro

Com a crescente população mundial a preocupação com hábitos alimentares, a busca por mais qualidade de vida e a necessidade de aumentar a produção de proteína animal vêm se destacando nos últimos anos e, principalmente em 2020, em virtude da pandemia. Sendo assim, as microalgas, consideradas como o “alimento do futuro”, vêm conquistando espaço como um alimento funcional e super saudável, além de possuir uma cadeia produtiva altamente sustentável.

A prospecção e busca pelos Engenheiros de Pesca por novas espécies e compostos presentes nesses micro-organismos e outros profissionais da área é crescente e vem se diversificando com a inserção de novas microalgas na utilização para consumo humano por possuírem diversos compostos (carotenoides, polissacarídeos, ácidos graxos, peptídeos bioativos e pigmentos, entre outras) que aumentam o valor agregado dos alimentos e influenciam positivamente na saúde humana.

Portanto, se você faz parte desse grupo de pessoas que busca por bem-estar, maior expectativa de vida e tem interesse por fontes naturais, sustentáveis e benéficas à saúde, não deixe de ler este artigo!

Antes de tudo, vamos entender o que são microalgas

O termo microalgas engloba organismos eucarióticos (algas) e também procarióticos (cianobactérias), que é destinado aos micro-organismos unicelulares e que realizam fotossíntese para completar o ciclo de vida. Estas vivem em meio aquático e até mesmo ambientes úmidos e se reproduzem muito rapidamente.

Elas não são consideradas plantas, mas também dependem da fotossíntese para sobreviver – embora algumas possam se desenvolver por outras vias de crescimento – e se desenvolvem utilizando luz do sol e gás carbônico.

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Imagem microscópica de microalgas. Fonte: https://sbmicrobiologia.org.br/mudancas-nofitoplancton-aumentam-absorcao-de-carbono-pelos-oceanos/

Ao longo da história, as algas vêm sendo usadas para várias finalidades, sendo a mais antiga a aplicação na alimentação humana e animal. Além disso, esses micro-organismos também possuem importância biológica, ecológica e econômica. Contudo, neste primeiro artigo sobre microalgas focaremos na importância econômica, em especial no seu uso na alimentação humana.

Vamos embarcar juntos nessa aventura!

Algas como alimento funcional

A microalga (cianobactéria) Spirulina tem sido utilizada na alimentação humana há mais de dois mil anos por povos do México, África e Ásia (especialmente da China), e em 1974 foi considerada pelo Organização das Nações Unidas (ONU) como o “alimento do futuro”. A Spirulina se destaca, principalmente, pelo seu elevado teor proteico, sendo esta composta principalmente por aminoácidos essenciais, além de outros pigmentos com potencial de inibir o desenvolvimento de células tumorais.

Contudo, as algas só ganharam destaque a partir da metade do XX, quando começaram as pesquisas sobre fontes proteicas para suprir a escassez de proteína animal.

Assim, inúmeras novas espécies (como a alga verde Clorela ou Chlorella) de composições distintas de biomoléculas vêm sendo descobertas para possíveis aplicações que vão além da alimentação humana.

Ainda mais, a Waitrose, conhecida pelo lançamento das tendências alimentares de cada ano, declarou as algas como o ingrediente destaque que precisa de uma maior atenção em 2021. Eles afirmam que em 2020, as vendas de algas cresceram 23% comparado com 2019 e 71% com 2018. Eles também ressaltam que as buscas pelo termo “algas” apresentaram crescimento exponencial nos últimos anos, principalmente em 2020.

Apesar de tantas descobertas/estudos, as microalgas ainda não são difundidas como uma fonte comum de alimentação, sobretudo nos países subdesenvolvidos, mesmo com os benefícios que seu consumo pode trazer ao organismo.

Benefícios das microalgas

Os benefícios das microalgas à saúde dependem da espécie consumida e das condições de cultivo as quais são submetidas, como temperatura, presença ou ausência de certos nutrientes, concentração de CO2, intensidade luminosa e fotoperíodo. Esses fatores podem estimular a biossíntese de compostos nutricionais de interesse, como carotenoides ou ácidos graxos.

Além da capacidade de sintetizar os compostos aqui já mencionados, as microalgas também possuem capacidade de produzir outros compostos únicos, chamados de metabólitos secundários. Esses metabólitos incluem um grupo diversificado de substâncias como hormônios e toxinas.

Ademais, esses metabólitos apresentam várias atividades biotecnológicas, incluindo atividade anticancerígena, antioxidante, antibacteriana, antiviral e anti-inflamatória. Por isso, as microalgas são fontes de compostos com valiosas propriedades na saúde humana e que tem despertado interesse crescente pelos profissionais da saúde.

Assim, o interesse por pesquisas para avaliar os componentes nutricionais e a atividade bioativa de compostos extraídos de microalgas para aplicação da indústria alimentícia é cada vez maior.

Biomassa de microlga para avaliação de suas aplicações biotecnológicas.  Fonte: Oliveira, 2021.

Principais espécies

Algumas das microalgas mais biotecnologicamente relevantes são:

  • Chlorella spp. (também conhecida como algas verdes ou Clorela);
  • Arthrospira platensis (também conhecida como algas azuis, Spirulina ou cianobactéria).
  • Haematococcus pluvialis;
  • Dunaliella salina;
  • Isochrysis galbana.

Os benefícios dessas microalgas e outras serão abordados em artigos futuros!

Mas afinal, como essas algas são consumidas?

As microalgas são comercializadas de várias formas, mas as principais, para a alimentação humana, são em comprimidos, cápsulas ou em pó.

Os comprimidos ou cápsulas são consumidos como suplemento alimentar após as refeições diárias. Já o pó (biomassa) das microalgas é acrescido aos ingredientes dos alimentos para agregar valor nutricional.

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Microalga Spirulina em pó, capsulas e comprimidos. Fonte: https://www.netmeds.com/

Além disso, podemos encontrar uma gama de produtos oriundos do pó dessas surpreendentes algas no mercado, como podemos ver a seguir:

Portanto, o mercado desses superalimentos oriundos de microalgas é bastante promissor e vem evoluindo a cada ano. Esses alimentos fornecem proteína sustentável, natural e benéfica para a crescente população e, com certeza, para as gerações futuras. Além disso, a produção de algas apresenta grande importância para atingir as metas do ODS 14 como descrito no artigo A aquicultura na proteção dos oceanos.


Artigo escrito em conjunto com o Doutorando Carlos Yure Oliveira e inspirado em uma de suas pesquisas. Ele estuda microalgas desde o início de sua graduação em Engenharia de Pesca e é uma grande referência nas áreas de Aquicultura, Algocultura e Biotecnologia.

As informações apresentadas neste artigo destinam-se ao conhecimento geral e não pretendem substituir a consulta ao profissional médico ou servir como sugestões para algum tratamento. Em caso de dúvidas procure um médico ou nutricionista.


Leia mais artigos do Blog da Engenharia e da coluna Engenharia de Pesca.

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