Primeiramente, você já se imaginou viajando numa velocidade próxima a duas vezes a do som? Não? Até 2003 isso era possível, por meio do único avião supersônico a operar com passageiros: o Concorde.
História do Concorde
Após a Segunda Guerra Mundial, o motor a jato ganhou espaço na aviação, trazendo mais velocidade aos novos modelos de aeronaves.
O comércio se dividia em duas vertentes inversamente proporcionais até então: aviões que levassem grande quantidade de passageiros e aviões que pudessem ultrapassar a velocidade do som.
Nesse sentido, a Inglaterra e a França juntaram-se, no início dos anos 60, para desenvolver um ambicioso projeto que unisse passageiros com velocidade.
O protótipo ficou pronto em 1967. Finalmente, em 1969, o Concorde realizou o seu primeiro voo para testes.
Então, em 1976, entrou para aviação comercial, fazendo suas primeiras rotas ligando Paris ao Rio de Janeiro, fazendo uma escala técnica em Dacar, e Londres a Bahrein.
Desempenho do supersônico
Para gerar a propulsão necessária para o Concorde, a Rolls-Royce desenvolveu os motores Olympus 593, que tinham por volta de 17200 kgf de empuxo.
A velocidade de operação era de 2150 km/h e foi determinada com base na temperatura que o material aguentava sem ruptura (o bico chegava a 130 graus Celsius, por exemplo), a partir de fatores da fadiga de materiais.
O teto operacional era de 60 mil pés, muito acima de formações meteorológicas, o que quase anulava as turbulências.
Com toda essa performance, consumia cerca de 22 toneladas de querosene aeronáutico por hora de voo! Isso é muito além do consumo de qualquer outro modelo de aeronave já projetado.
Enquanto estava nos ares, sua fuselagem expandia-se até 30 cm, devido ao calor, o que era um problema, já que precisava de manutenções constantes.
O alto índice de poluição fez com que países como o Japão não adquirissem o modelo.
Outro fator determinante da má aceitação do Concorde em algumas nações foi o barulho excessivo que ele fazia quando atingia a velocidade do som.
Fato curioso
Na rota entre Londres e Nova Iorque, frequentemente utilizada pelas madames inglesas, o voo saía as 10h30 da manhã.
Depois de 3h30 de viagem (um avião comum demora, atualmente, cerca de 8h para realizar o mesmo trecho), o Concorde pousava às 9h da manhã, ou seja, 1h antes do horário que partiu.
Isso se deve ao fato de que, além do fuso horário (claro!), o jato voava mais rápido que a velocidade de rotação da Terra, que é de 1666 km/h.
Fim de uma era
Inicialmente, as operações com o Concorde deram bastante prejuízo. Como eram estatais, as duas principais empresas que o utilizaram, Air France e British Airways, foram praticamente obrigadas a usarem esse modelo, já que foi desenvolvido pelos governos.
Em 1981, ambas decidiram aumentar drasticamente os preços dos bilhetes, a fim de continuar com as operações. Apenas os super ricos conseguiriam voar além da velocidade do som.
Com o passar do tempo e não tendo concorrência, o projeto foi ficando cada vez mais desatualizado. As aeronaves foram ficando muito modernas em relação ao Concorde.
Atualizações nesse tipo de avião poderia custar muito caro para o que ele podia oferecer.
Além disso, no dia 25 de julho de 2000, aconteceu o que viria a ser a gota d’água para o fim de uma era. Um Concorde da Air France, de matrícula N13067, caiu no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, logo após a decolagem, matando 113 pessoas no total.
Segundo investigações, o acidente foi causado por uma peça solta na pista de outra aeronave que tinha acabado de decolar, imediatamente antes do N13067.
Por fim, em 26 de novembro de 2003, o último Concorde pousou na cidade de Filton, na Inglaterra, encerrando assim, um dos maiores – e melhores – capítulos da história da aviação mundial.