Você já ouviu falar em piscicultura? E em cultivo de peixes? Tenho certeza que sim! Mas você ficou interessado em conhecer mais sobre este setor? Se sim, continue lendo este artigo e se prepare para conhecer um pouco sobre esta atividade e sua grande importância para aquicultura ser uma indústria bilionária. Bora conferir!
Mas antes, vamos entender o que é a piscicultura!
A piscicultura consiste no processo controlado de cultivo de peixes em cativeiro. É uma atividade que pode ser desenvolvida em águas continentais (doce ou salobra) ou no oceano.
A piscicultura pode ser feita em diferentes lugares como mar, represas, lagoas, açudes, tanques-rede, tanques de alvenaria, barragens ou viveiros.
Esta atividade é praticada há muito tempo, existindo registros de que os chineses já cultivavam há vários séculos antes de nossa era e de que os egípcios já cultivavam a tilápia-do-nilo há 4.000 anos.
No Brasil, o setor começou a se desenvolver de forma comercial em meados do século XX, ganhando maiores proporções a partir da década de 90 com o melhoramento genético e aprimoramento de técnicas de manejo e sistemas de cultivo.
Portanto, a piscicultura evoluiu muito nos últimos anos e movimenta uma parte importante da economia do mercado brasileiro atualmente. Graças ao extenso território litorâneo do país, além da enorme produção local, o Brasil se tornou um dos países que mais produz peixe no mundo.
Levando em conta que o Brasil possui as maiores reservas de água doce do mundo e extenso litoral, seu potencial para desenvolver o cultivo de peixes é muito grande.
Aproveitando-se deste potencial, o Brasil vem tendo destaque no setor nos últimos anos, principalmente com a tilápia. Sendo assim, o país vem se mantendo nos últimos anos como o 4° maior produtor da espécie no mundo.
Produção da piscicultura brasileira
O Anuário Peixe BR 2021, divulgado em 22/02/2021, mostra que em 2020, apesar das dificuldades do primeiro semestre, o cultivo de peixes no Brasil apresentou excelente desempenho, com crescimento de 5,93%. Com isso, a produção saltou de 758.006 toneladas em 2019 para 802.930 em 2020.
Esse resultado foi o segundo melhor desempenho desde 2014!
Contudo, o ano de 2020 foi marcado por dois momentos distintos. A pandemia acertou a atividade em cheio no início do, em especial na Semana Santa, época mais importante para a piscicultura. As vendas reduziram e geraram muita preocupação para a cadeia produtiva.
Assim, foi necessário, para os produtores, refazer planos, ajustar custos e redobrar a atenção para esse setor.
Com o cenário da pandemia mais equilibrado, o final de 2020 foi o melhor da piscicultura nos últimos anos. A demanda de consumo interno cresceu bastante e os produtores responderam com maior oferta.
Como resultado, os preços aos produtores ficaram em níveis consistentes e não só recuperaram os prejuízos do primeiro semestre do ano mas também finalizaram o ano com lucros.
O resultado somente não foi melhor devido à pressão dos custos, especialmente com a ração. Em 2020, o dólar saltou cerca de 40%. As indústrias de nutrição animal não conseguiram repassar todas as despesas extras, mas o aquecimento do mercado possibilitou algumas manobras que surtiram resultado.
Quais são os principais produtores no Brasil?
A região Sul é consolidada como a mais importante com 31,1% do total (participava com 30,3% em 2019) e produção de 249.802 toneladas.
Enquanto isso, o Nordeste superou o Norte e torna-se a 2ª região mais produtiva, com 18,8% do total (151.240 t).
Contudo, o Norte (3ª região mais importante) está praticamente empatado percentualmente (149.804 t), com 18,6% da produção em 2020.
Na sequência, vêm a região Sudeste, que representou cerca de 17,5% (140.772 t), e o Centro-Oeste contribuiu com cerca de 13,8% do total da produção brasileira. Esta última região apresenta grande potencial produtivo e certamente será um dos mais importantes propulsores da piscicultura no futuro.
E quanto aos estados, quais os mais importantes?
Apoiada por cooperativas importantes, como Copacol e C.Vale, a piscicultura paranaense cresceu muito mais que o país como um todo.
Este modelo cooperativista ganha cada vez mais importância no estado, fez a produção de tilápia crescer 11,5% no Paraná e ampliou ainda mais a liderança do estado na produção de peixes no Brasil, com 172.000 toneladas em 2020 contra 154.200 toneladas em 2019.
São Paulo mantém a 2ª posição entre os estados produtores e teve bom crescimento (+6,9%) em 2020. Este avanço está ligado à regulamentação ambiental nos últimos dois anos, além de ser um grande centro consumidor (o que atrai investimentos).
Rondônia é o maior produtor de peixes nativos do Brasil, com 65.500 toneladas. Apesar da produção ter recuado 4,8% em 2020, o estado mantém-se na 3ª posição entre os estados produtores, ainda distante do 4º lugar, Santa Catarina, cuja produção cresceu 3% e atingiu 51.700 toneladas.
O aumento da produção de pangasius foi um importante ingrediente para o Maranhão ser o 5º maior produtor de peixes (47.700 toneladas, crescimento de 6%) em 2020, superando o Mato Grosso (2.600 toneladas, recuo de 5,3%).
Minas Gerais mantém-se na 7ª posição do ranking de estados produtores, com um tremendo salto de 14,8% na produção (44.300 t). Mato Grosso do Sul também ficou estável (8ª posição), com crescimento de 8,7% na produção (32.390 t).
Inversão de posição também nos 9º e 10º lugares, sendo que a Bahia superou Goiás (30.062 toneladas) e ficou em 9º, com 30.270 toneladas (+5,8%).
E quais as espécies mais produzidas?
A tilápia foi o destaque de 2020!
A produção brasileira cresceu 12,5%, atingindo 486.155 toneladas (contra 432.149 t de 2021). Sendo assim, a espécie consolidou-se ainda mais no Brasil. Sua participação na produção total de peixes passou para 60.6% (57% para 2019).
Em segundo, destacam-se os peixes nativos (tambaqui e seus híbridos) sendo um segmento muito importante da piscicultura brasileira com 278.671 toneladas em 2020, porém, teve sua participação reduzida.
Enquanto as outras espécies (carpa, truta e pangasius) mostraram bom desempenho, com crescimento de 10,9%. Destaque para o pangasius, que ganha espaço na produção – especialmente na região Nordeste. Em 2020, estas espécies somaram 38.104 toneladas.
Que este pequeno texto te inspire e proporcione uma noção do enorme mundo mágico que envolve a aquicultura, o mercado que gera bilhões e apresenta enorme importância para alimentar de forma sustentável e responsável a crescente população mundial e às gerações futuras com proteína saudável, magra, acessível e e ecologicamente correta.
Fonte da foto destaque: @joicianecruz
Leia mais artigos do Blog da Engenharia e da coluna Engenharia de Pesca.